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Em um ano, 41 moradores de rua são assassinados em Goiânia

Do UOL, em São Paulo

06/12/2013 06h00

Já chega a 41 o número de moradores de rua assassinados em Goiânia em 2013. O cálculo da Gerência de Análise de Informações da Secretaria de Segurança Pública de Goiás inclui dois casos que aconteceram entre a noite de quarta-feira (4) e a madrugada desta quinta (5).

Veja imagens de alguns casos de assassinato em Goiânia

Os governos estadual e federal divergem sobre a motivação dos crimes. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República atribui os homicídios à ação de grupos de extermínio. “São odiosos grupos de extermínio que agem”, afirmou nesta quinta a ministra Maria do Rosário em sua conta no Twitter. “É uma vergonha para o Brasil. Extermina-se a vida dos pobres na rua como se não tivesse valor."

Em Goiás, o delegado Adriano Costa, da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios, atribui os assassinatos dos últimos meses ao tráfico de drogas e a desentendimentos entre os próprios moradores de rua. “Estou na delegacia há sete meses e não existem indícios de ação de grupos de extermínio nesse período."

Segundo o delegado, na maioria desses casos, os assassinos usaram facas para praticar os crimes. Ele diz que isso demonstra que não há ação de grupos organizados, pois eles utilizariam armas de fogo.

Federalização das investigações

A onda de assassinatos começou em agosto de 2012. Em abril, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência enviou uma força-tarefa a Goiás para analisar a situação. A missão liderada pelo secretário nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Gabriel Rocha, levantou suspeitas sobre o envolvimento de agentes públicos nos crimes, o que serviu de base para a secretaria pedir a federalização das investigações.

No mês seguinte, a Procuradoria-Geral da República encaminhou ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) o pedido para que a investigação dos casos seja transferida da polícia goiana para a Polícia Federal.

O pedido está sob a análise do ministro Jorge Mussi, do STJ, mas não há previsão de quando ele entrará em pauta. É improvável que a decisão saia em 2013. O STJ encerrará as atividades do ano no dia 19 e só voltará a julgar em fevereiro.

No Twitter, a ministra Maria do Rosário disse que a lentidão da Justiça favorece a ocorrência de novos assassinatos. “A demora leva ao descrédito e voltaram a matar. Todas as autoridades precisam saber que o tempo dos direitos humanos é a urgência. Paga-se com vidas a morosidade das instituições no Brasil."

Casos 

No fim da noite de quarta, um morador de rua foi encontrado morto no Jardim Ana Lúcia, em Goiânia. Segundo testemunhas, ele seria português. O assassino esfaqueou a vítima.

Durante a madrugada desta quinta, outro morador de rua morreu esfaqueado em um cruzamento no Setor Central da capital goiana.

Outro caso pode engrossar a lista. Trata-se de um homem morto a tiros dentro de um posto de combustíveis, na noite de quarta, no Jardim Goiás. Ele teria levado quatro tiros. O atirador estava em um carro. A polícia ainda não tem certeza se a vítima morava nas ruas.

Os três homens assassinados estavam sem documentos. Segundo Adriano Costa, pelo menos dois deles eram usuários de drogas. O delegado descartou a participação de grupos de extermínio nesses crimes.