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Escutas mostram aliciamento de meninas menores para prefeito de Coari (AM)

Do UOL, em São Paulo

03/02/2014 01h52Atualizada em 03/02/2014 08h05

O prefeito de Coari (AM), Adail Pinheiro (PRP), é acusado de exploração sexual de crianças e adolescentes. Escutas divulgadas pelo Fantástico, da rede Globo, mostram funcionários da Prefeitura negociando encontros com meninas de, supostamente, 14 e 15 anos. O prefeito não quis se pronunciar.

Membros do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual (MPE), os promotores Leda Mara e Fábio Monteiro são responsáveis por um procedimento de investigação criminal contra o prefeito de Coari. A investigação está na fase de ouvir testemunhas e acusados.

Principal implicado na investigação, Adail foi ouvido, por duas horas, na quarta-feira, pelos dois promotores. Segundo Mara e Monteiro, o prefeito negou as acusações e disse que é vítima de perseguição política.

Bebê vítima

Adail Pinheiro é acusado de fretar aviões, com verba da prefeitura, para realizar encontros entre jovens e adolescentes aliciadas por funcionários da prefeitura para serem exploradas sexualmente.

Juliana Câmara, procuradora da República, afirmou à reportagem do Fantástico que “algumas dessas meninas eram transportadas pelo avião da prefeitura. No avião que devia levar remédios, levar documentos. Isso ocorreu, e tem provas nos autos”.

A reportagem ainda divulgou um diálogo entre uma médica do hospital municipal da cidade, Alzira Cavalcante, e Haroldo Portela, assessor do prefeito. Na gravação, a médica pede duas vagas em um voo para Manaus no avião prefeitura, para levar um recém-nascido com um grave problema cardíaco e o médico que o acompanharia. Portela responde, mesmo depois de muita insistência de Alzira, que não pode ajudá-la, pois o voo, que decolaria ao meio-dia do dia seguinte à conversa, levaria convidados do prefeito a uma festa. O assessor do prefeito nega. Segundo Alzira, o bebê acabou morrendo por falta de assistência adequada.

As investigações da PF apontam que o avião foi fretado com recursos do fundo municipal de saúde e que, por isso, deveria transportar exclusivamente pacientes em estado grave de Coari para Manaus. A opção ao transporte aéreo são nove horas de viagem de lancha. Por isso o avião era fundamental pra doentes em estado crítico.

Ameaças

O Fantástico ainda relatou a história de uma modelo de 15 anos, que teria sido contratada para recepcionar artistas em uma festa da prefeitura. A contratação seria uma fachada. Ela e outras meninas teriam sido levadas para um passeio de barco com o prefeito e outros funcionários da prefeitura.

A menina, que posteriormente teria sido ameaçada, foi levada para ficar sozinha com o prefeito em uma cabine do barco. Em entrevista, ela relata o assédio do prefeito e conta que conseguiu escapar da situação por falar muito em seus pais. Segundo ela, a vida dela e de sua família foi abalada após o episódio, devido a ameaças constantes. (Com A Crítica)

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