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Assassino de jornalista no MA é condenado a 25 anos de prisão

Jhonatan de Sousa Silva (ao centro) mudou seu depoimento, afirmando ter assumido crime sob ameaças - Divulgação / SSPMA
Jhonatan de Sousa Silva (ao centro) mudou seu depoimento, afirmando ter assumido crime sob ameaças Imagem: Divulgação / SSPMA

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

05/02/2014 02h19

Assassino confesso do jornalista e blogueiro Décio Sá, 42, Jhonatan de Sousa Silva, 26, foi condenado a 25 anos e 3 meses de prisão em regime fechado em julgamento encerrado na madrugada desta quarta-feira (5), no Fórum de Justiça de São Luís.

Também foi condenado a 18 anos e três meses de reclusão Marcos Bruno Silva de Oliveira, acusado de pilotar a moto usada na fuga após o assassinato do jornalista.

O veredito foi proferido já na madrugada pelo juiz Osmar Gomes, que presidiu os trabalhos do júri popular, iniciado na última segunda-feira (3).

O julgamento

Durante depoimento prestado à Justiça na terça-feira, Silva mudou a versão sobre o mandante do crime e afirmou que foi pressionado pela polícia para apontar o grupo de empresários como envolvido na morte do jornalista, ocorrida na noite do dia 23 de abril de 2012, em um bar na avenida Litorânea, em São Luís.

"Fui pressionado e minha família foi ameaçada", justificou Silva, dizendo que o mandante do crime teria sido um homem chamado Marco Antonio, e não por Raimundo Sales Chaves Junior, 39, conhecido como Júnior Bolinha. Eles também foram denunciados pelo crime.

Durante o depoimento Silva ainda tentou inocentar os acusados de integrarem o grupo mandante do crime Fábio Aurélio do Lago e Silva, o Bochecha, e Gláucio Alencar Pontes Carvalho dizendo que não os conhecia.

Silva disse que afirmou que Junior Bolinha era o mandante porque ficou com raiva por ter sido preso e não ter recebido os R$ 100 mil acertados pelo "serviço". Ele afirmou que foi o próprio Marco Antonio, que estaria morto, que pilotou a moto usava para fugir após o crime e não Marcos Bruno Silva de Oliveira, como apontou a denúncia do MP (Ministério Público Estadual).

Na segunda-feira (3), outras duas pessoas também mudaram as versões dos depoimentos prestados à polícia e afirmaram que não podiam apontar Marcos Bruno Silva de Oliveira como a pessoa que pilotava a moto usada por Silva durante a fuga.

A defesa dos réus foi feita pelo advogado José Berilo, que argumentou que o inquérito, que baseia a denúncia do MP, apresenta vários erros e destacou que os depoimentos não seguiram o rito legal.

O assassinato

Sá, 42, foi assassinado na noite do dia 23 de abril de 2012, quando esperava amigos no bar Estrela D'Alva, localizado na avenida Litorânea, na capital maranhense. Dois homens chegaram em uma moto e um deles desceu e atirou cinco vezes contra Sá, que morreu na hora.

Doze pessoas foram denunciadas pelo MP (Ministério Público Estadual) em agosto do ano passado por participação no crime, mas a Justiça entendeu que não há provas suficientes para acusar advogado Ronaldo Henrique Santos Ribeiro.

Além de Silva e Oliveira, outras nove pessoas foram pronunciadas para ir a júri popular: Shirliano Graciano de Oliveira (foragido), José Raimundo Sales Chaves Júnior, Elker Farias Veloso, Fábio Aurélio do Lago e Silva, Gláucio Alencar Pontes Carvalho e José de Alencar Miranda Carvalho, além dos policiais Fábio Aurélio Saraiva Silva, Alcides Nunes da Silva e Joel Durans Medeiros.

Segundo a polícia, Sá foi assassinado a mando de um grupo de empresários e agiotas vinha se incomodando com a divulgação de crimes de mando cometidos por eles e que foram divulgados no blog de Sá.

De acordo com a polícia, entre os posts do blog está o relato da morte do revendedor de carros Fábio dos Santos Brasil Filho, 33, assassinado depois que foi atingido por três tiros de pistola, no dia 31 de março de 2012, em Teresina. No texto, Sá divulgou que Brasil Filho estava recebendo ameaças de morte devido a dividas com agiotas e teria prestado depoimento à PF (Polícia Federal) para relatar as ameaças.

Para que o grupo não fosse ligado a outros esquemas fraudulentos que cometiam, os acusados de tramar a morte de Sá contrataram Silva, que confessou ter matado o jornalista.