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PM usa bombas para dispersar manifestação de garis no centro do Rio

Isabela Vieira

Da Agência Brasil, no Rio

01/03/2014 15h23

Um grupo com centenas de garis que fazia caminhada em direção ao Sambódromo do Rio de Janeiro na tarde deste sábado (1) entrou em confronto com a Tropa de Choque da Política Militar na avenida Presidente Vargas, a poucos metros da sede da prefeitura. O conflito começou depois que a passeata foi barrada pelos policiais. Logo depois de uma breve negociação, quando a caminhada foi reiniciada, os policiais passaram a usar bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes.

Os garis ameaçam entrar em greve por melhores condições de trabalho, reajuste salarial, vale-refeição e pagamento de horas extras. Todos os policiais que participam da operação estão sem identificação e o major Brum, responsável pela ação, não justificou a medida.

A manifestação partiu da sede do Sindicato de Empregados de Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio de Janeiro, que chegou a decretar uma greve de um dia na noite de sexta-feira (28). Hoje, estava prevista uma nova assembleia às 12h para discutir uma possível contraproposta da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana), mas os dirigentes não compareceram.

Um dos organizadores do protesto, Bruno Lima, que é gari, disse que a categoria está há três anos insatisfeita com as condições de trabalho e considera que o Carnaval é o momento ideal para mostrar a sua importância para a cidade. " A gente não aguenta mais. São salários muito baixos, de cerca de R$ 900, o tíquete está defasado e as condições do trabalho são péssimas. Falta funcionário, a Comlurb virou cabideiro politico e quem trabalha de forma operacional, não tem valor", disse.

Em nota divulgada mais cedo à imprensa, o vice-presidente do sindicato, Antonio Carlos da Silva, que informou sobre a paralisação, ontem, voltou atrás e explicou que a categoria não estava em greve. As ruas da capital fluminense amanheceram cobertas de lixo esta manhã. A Lapa, tradicional bairro boêmio, permaneceu suja até as 9h, quando alguns garis apareceram para retirar o lixo que ficou das festas de carnaval de ontem.

O sindicato reafirmou que se mantém negociando. Também em nota, a prefeitura do Rio, por meio da Comlurb, reiterou a informação de que “não existe greve de garis na cidade”. A companhia comunicou que se mantém em negociação com o sindicato da categoria, “como faz todos os anos no período do acordo coletivo”.