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Beltrame nega evento como motivação para ocupar Maré: Copa vem e vai embora

Bandeiras do Brasil e do Estado do Rio de Janeiro são hasteadas no Complexo da Maré, na zona norte do Rio - Zulmair Rocha/UOL
Bandeiras do Brasil e do Estado do Rio de Janeiro são hasteadas no Complexo da Maré, na zona norte do Rio Imagem: Zulmair Rocha/UOL

Henrique Coelho

Do UOL, no Rio

30/03/2014 11h41Atualizada em 30/03/2014 12h42

Após a ocupação do Complexo da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro, neste domingo (30), o secretário de Segurança Pública do Estado, José Mariano Beltrame, disse que a atuação nas comunidades não está condicionada à Copa do Mundo, que será realizada no Brasil em junho. "O importante é o legado. A Copa vem, fica um mês e vai embora. Mas haverá melhoras, com certeza", afirmou.

Segundo o secretário, 1.160 homens ficarão permanentemente no complexo de favelas, mas não há data para a chegada do Exército no local. De acordo com a Secretaria de Segurança, a ocupação durou cerca de 15 minutos e ocorreu sem nenhum tiro disparado. O Ministério da Defesa deve definir a data da entrada das Forças Armadas na Maré.  

"Depois das fases de cerco e operação, foi feita a ocupação hoje. Agora, é a estabilização, para que possamos realmente tomar conta daquela área", disse Beltrame. 

O secretário afirmou ainda que há necessidade de diversas reformas no país para que a segurança pública melhore. "A segurança só vai melhorar no dia que tivermos reforma penal, reforma nos presídios, uma política visível para menores de idade e o crack, assim como controle efetivo das fronteiras também", disse.

O secretário também afirmou que diversos mandados das polícias Federal e Civil serão cumpridos nos próximos dias. 

Duas facções e duas milícias

O Complexo da Maré era considerado "peculiar" pelas autoridades por estar sob a influência de duas facções criminosas, o Comando Vermelho e o Terceiro Comando Puro, mais duas milícias. Por essas características, a Maré não foi incluída no roteiro das primeiras ocupações e implementações das UPPs.

"Nós estávamos deixando mais para frente, justamente porque não é um trabalho trivial", afirmou Beltrame. "Tem a sua peculiaridade, mas nós temos um trabalho muito integrado, e isso facilita."

O secretário de Segurança Pública ainda afirmou, sobre os recentes ataques às UPPs, que os serviços de inteligência trabalham para identificar e prender quem está por trás desses crimes. "[A UPP[ Tirou dois milhões de pessoas de um império do fuzil. Nós temos de ir para cima dessas pessoas [que atacam as UPPs[", afirmou Beltrame.

O chefe de Polícia Civil, Fernando Veloso, aproveitou a entrevista coletiva para explicar que o mandado coletivo de busca e apreensão para as favelas da Nova Holanda e Parque União não vale para todas as residências. "Isso é um elemento de investigação, mas não se pode entrar em qualquer casa. São áreas onde a inteligência diz que pode haver drogas e outros objetos", disse Veloso. (Com Estadão Conteúdo)