Julgamento do Carandiru é o mais complexo do Judiciário, diz juiz
O juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo, que presidiu três das quatro etapas do julgamento do massacre do Carandiru, disse nesta quarta-feira (2), antes de ler a sentença que condenou 15 policiais militares por quatro mortes de detentos no presídio, que este foi o “processo mais complexo do Judiciário brasileiro”. Esta foi a primeira manifestação do juiz sobre o julgamento.
“Este é o processo mais complexo que existe no Judiciário brasileiro de modo que é, sim, o julgamento mais importante da minha vida, como seria o julgamento mais importante da vida de qualquer juiz”, disse Camargo.
A primeira etapa do julgamento foi presidida pelo juiz José Augusto Nardy Marzagão, que foi lembrado por Camargo no dia de hoje.
Segundo o juiz, a complexidade do processo não se encontra somente no fato dele ser composto por 75 volumes e no número de pessoas que envolve. “Não está somente no número de pessoas que perderam suas vidas em razão dos fatos e não está somente no drama vivenciado pelas famílias de vítimas e dos policiais militares. A complexidade desse processo reside no fato de termos esperado por 22 anos por uma resposta do Estado àquelas ações. E esta resposta veio em sua integralidade no dia de hoje. Hoje encerramos o julgamento da totalidade de mortes ocorrida no Complexo Penitenciário do Carandiru”, disse o juiz.
No início da noite de hoje, os sete jurados que compõem o Conselho de Sentença decidiram condenar 15 policiais militares pela ação policial que culminou com a morte de quatro detentos no quarto pavimento (terceiro andar) do pavilhão 9 da extinta Casa de Detenção do Carandiru. Os policiais foram condenados a 48 anos de prisão, cada um, por homicídio qualificado [pena mínima de seis anos para cada homicídio cometido somado à pena de mais seis anos por impossibilidade de defesa das vítimas].
Na primeira etapa do julgamento, ocorrida em abril do ano passado, 23 policiais foram condenados a 156 anos de reclusão cada um pela morte de 13 detentos. Na segunda etapa, ocorrida em agosto, 25 policiais foram condenados a 624 anos de reclusão cada um pela morte de 52 detentos que ocupavam o terceiro pavimento do pavilhão 9. No dia 19 de março, os sete jurados que compõem o Conselho de Sentença decidiram condenar dez policiais militares pela morte de oito detentos do quinto pavimento: nove dos policiais foram condenados a 96 anos de prisão cada um, enquanto o outro foi condenado a 104 anos por já ter uma condenação anterior.
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