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Estimados em R$ 100 mil, cavalos morrem eletrocutados em evento no Rio

Carolina Mazzi

Do UOL, no Rio

07/04/2014 19h08

Os cavalos Bethoven e Sedutor, que morreram eletrocutados na Sociedade Hípica Brasileira na manhã do último sábado (5), no Rio de Janeiro, estavam avaliados em cerca de R$ 100 mil reais (R$ 50 mil cada), segundo a veterinária Cláudia Schmitt, chefe da equipe de equitação do Haras Samurai.

“Acredito que devem ter entre 10 e 12 anos. Mas o valor não é só financeiro, a dor emocional não tem preço”, afirmou.

Os três cavalos de Cláudia estavam posicionados em baias temporárias em frente aos animais que foram eletrocutados. Eles participavam do evento de abertura do calendário hípico organizado pela Feerj (Federação Equestre do Estado do Rio de Janeiro).

"Foi muito triste, pois fui dar uma olhada nos meus cavalos e cheguei um pouco depois de tudo acontecer. Já conhecia os animais de outras competições, os criadores. É muito triste", lamentou a veterinária.

Segundo ela, um deles mastigou um fio elétrico, que ficou exposto na baia depois de ser puxado para ligar uma ventilador por um dos tratadores: “Eles ficam sozinhos lá na baia, não tem nada pra fazer. Um deles viu e começou a brincar com o fio, mastigou e levou o choque. Quando soltou, o fio bateu na estrutura metálica da baia e a corrente elétrica acabou matando mais um cavalo, que estava encostado e ferindo outros”.

Dona de um dos cavalos que ficaram feridos, Andreia Marques criticou as condições de segurança do evento por meio de uma rede social.

"Pela minha égua Bela Dona e pelos outros animais e proprietários que passaram hoje por esse momento tão triste, absurdo e inacreditável, pois não aconteceu na rua e nem tão pouco foi a primeira vez! Aconteceu nas barbas da alta sociedade e não por curiosidade do animal e nem por manuseio do tratador sem ter chamado o eletricista como foi dito, aconteceu porque a fiação estava lá e quem deveria fiscalizar não fiscalizou! E o pior, como já havia acontecido ano passado, a Feerj deveria ser muito mais rígida cobrando da SHB, as condições de segurança necessárias para a realização do evento".

Carla evitou entrar em polêmica, mas alertou que é preciso ter atenção na montagem a na manutenção das baias temporárias.

“Este triste episódio tem que servir de lição para que a SHB e todos os participantes tomem mais cuidado, que tomem providências para que isso não aconteça mais, não dá pra ter um fio exposto dentro da baia de um animal. Não quero apontar dedos pra ninguém, o que aconteceu foi muito ruim para todos, estamos muitos solidários”, afirmou.

As baias temporárias montadas para os cavalos são comuns em competições, declarou a veterinária: “São animais vindos de todo o estado, essas baias são necessárias para abrigar todos eles".

A reportagem do UOL entrou em contato com Francisco Gomes, dono dos animais, que não pôde atender até o fechamento desta matéria. Em uma rede social, ele lamentou o ocorrido e pediu justiça.

“Perdemos dois cavalos de forma tão absurda quando o tamanho do talento deles. Por isso, nosso luto”. Em outro post, afirmou: “Esperamos que a justiça seja feita, pois com certeza eles farão muita falta em nosso coração”.

A Sociedade Hípica Brasileira (SHB) informou que apenas alugou o espaço para o evento, e que a morte dos animais foi uma fatalidade e um erro do responsável pela montagem das cocheiras para o concurso. A Feerj informou ainda já ter entrado em contato com os responsáveis dos animais.