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Goleiro Bruno consegue transferência para presídio do interior de MG

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

10/06/2014 12h35

A transferência do goleiro Bruno Fernandes para o presídio da cidade de Montes Claros (417 km de Belo Horizonte) foi autorizada nesta terça-feira (10) com publicação no "Diário Oficial do Estado de Minas Gerais".

O jogador foi condenado a 22 anos de prisão pela morte da ex-amante Eliza Samudio. A morte completa quatro anos hoje. Ele cumpre a pena atualmente na penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.

O pedido de transferência para a localidade mineira foi feito pela defesa de Bruno numa tentativa de ele obter autorização para trabalhar fora do presídio. O jogador firmou em fevereiro deste ano contrato com o Montes Claros, clube de futebol da cidade que disputa a segunda divisão do campeonato mineiro. No entanto, a transferência não significa que ele poderá sair para jogar pelo clube.

Em abril deste ano, a Justiça da comarca de Contagem havia dado aval à ida do atleta para a cidade mineira.

A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) não informou a data da transferência por motivos de segurança.

Protesto

A divulgação da possível chegada de Bruno a Montes Claros gerou protestos feitos por mulheres integrantes do Movimento Levante Popular da Juventude de Montes Claros. Elas haviam espalhado cartazes no centro da cidade em que são reproduzidas fotos do goleiro com os dizeres: "Se mata, bate e oprime, não joga no nosso time". Em outras peças, foram grafadas as frases "Levante-se contra o machismo" e "As mulheres dizem não a Bruno no Mocão".

De acordo com texto publicado à época na página do grupo na internet, a iniciativa do grupo feminista se deu por meio de uma ação de "repúdio e denúncia".

"Em meio aos dados alarmantes sobre a violência contra a mulher no Brasil, a morte de Eliza Samudio poderia ter sido apenas mais uma. Não foi. O seu nome, a sua história e a sua trágica morte ganharam contornos de notícia nacional, principalmente pela profissão midiática do seu assassino", afirmava o texto.

Ressocialização

Tiago Lenoir, um dos advogados de defesa de Bruno, criticou o movimento e afirmou que Bruno pretende ter chance de uma "ressocialização pelo trabalho".

"Tem movimento feminista falando que não quer o Bruno lá [em Montes Claros]. Eu acho isso um absurdo porque o Bruno não vai para lá para ser solto e ficar andando na rua. Ele vai de uma cadeia para outra", disse Lenoir.

O advogado aproveitou para alfinetar o movimento desencadeado contra o jogador. "Devem ter presos lá tão ou mais perigosos que o próprio Bruno, e ninguém faz movimento contra esses presos", disse.