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Com baixo custo, triciclos elétricos de Paquetá rodarão na zona sul do Rio

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

04/07/2014 06h00

Os triciclos elétricos da ilha de Paquetá, no Rio, onde a movimentação de carros é proibida, estão perto de atravessar a baía de Guanabara em direção à zona sul da capital fluminense. Os veículos, também conhecidos como eletrotáxis, são objeto de uma lei sancionada pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB) em junho, e que está em processo de regulamentação na SMTR (Secretaria Municipal de Transportes).

As viagens a bordo dos triciclos elétricos são sustentáveis, pois não há emissão de poluentes, e mais econômicas. Em Paquetá, onde moram pouco mais de 4.000 pessoas, os valores cobrados vão de R$ 5 (um passageiro) a R$ 8 (dois passageiros).

A orla da região, principal rota dos triciclos, possui extensão de sete quilômetros. Em comparação com um táxi a combustão, isto é, um automóvel, o valor referente ao transporte de um passageiro (R$ 5, no caso do eletrotáxi) representaria economia de R$ 15 em um percurso com a mesma distância (o taxímetro marcaria, na bandeira 1, cerca de R$ 20).

"É um sistema barato e não polui", afirmou Ednard Lima Pereira, presidente e fundador da Eletro Táxi, de Paquetá. "As nossas baterias são recarregáveis e, quando não servem mais, são descartadas na própria loja para não poluir o meio ambiente."

A Eletro Táxi, que surgiu em agosto de 2012, foi a primeira cooperativa carioca do setor. Desde então, afirmou Pereira, ela atua na ilha com 36 bicicletas motorizadas, disputando a clientela com outros veículos --motorizados ou não-- que não aderiram à cooperativa, além dos tradicionais charretistas. O serviço funciona 24 horas e, por dia, são feitas 150 viagens, em média.

Pereira afirmou que, tão logo seja publicada a regulamentação, a ideia é expandir o serviço prestado pela Eletro Táxi à zona sul do Rio e à praia da Barra da Tijuca, na zona oeste da cidade. Segundo ele, seis pessoas de fora da ilha de Paquetá já demonstraram interesse em trabalhar como condutores.

"Vamos começar pela Lagoa Rodrigo de Freitas, em fase experimental.  A gente pensa em fazer trechos, diferentemente da ilha, onde a gente roda ela toda", declarou. O presidente da Eletro Táxi disse ainda já ter conseguido viabilizar um espaço na Lagoa para armazenamento das bicicletas motorizadas. Inicialmente, os veículos devem circular em trechos previamente determinados. Se o projeto vingar, o objetivo é estabelecer uma rota que vai do Leblon ao aterro do Flamengo, utilizando as ciclovias como via de passagem, com possibilidade de chegada ao centro da cidade.

Ao UOL, a Secretaria Municipal de Transportes informou estar aguardando "uma definição sobre o assunto, que depende de regulamentação". O órgão municipal informou ainda que não há uma previsão em relação à conclusão do processo de regulamentação.

Eletrotáxis também são usados como ambulância e serviço de entrega - Denis Alves/UOL - Denis Alves/UOL
Com a proibição de veículos a combustão em Paquetá, os triciclos ganham outras finalidades. Eles também são utilizados para serviços de entrega, passeios turísticos e até como ambulância
Imagem: Denis Alves/UOL

Produção manual

Os eletrotáxis de Paquetá são, na verdade, triciclos adaptados: um motor é acoplado à roda dianteira e um chassi, colocado na parte de trás do veículo, com espaço para duas pessoas. Dentro do chassi, são instaladas duas baterias recarregáveis que permitem que a bicicleta rode por até dez horas.

O equipamento que garante a potência elétrica às bicicletas é comprado em São Paulo, desde 2011, e tem custo médio de R$ 1.300. A velocidade máxima alcançada é de 20 km/h e a recarga das baterias, feita na tomada. De acordo com Ednard Lima Pereira, todo o processo de produção de um eletrotáxi custa, em média, R$ 4.500.

O custo-benefício é alto em comparação com o faturamento médio dos eletrotaxistas. Pereira diz que cada condutor ganha, por dia, em média, R$ 150. Considerando 30 dias de trabalho, eles podem ter um rendimento mensal estimado em R$ 4.500, sendo que os custos com manutenção não ultrapassam R$ 200, na versão do presidente da Eletro Táxi.

Formalização

Antes da lei sancionada pelo prefeito Eduardo Paes, que autoriza a circulação dos triciclos elétricos para fins de transporte de passageiros, em caráter definitivo, os condutores de Paquetá trabalhavam com base em um decreto municipal que instituía o serviço de forma provisória para triciclos comuns, trator de rodas com reboque e veículos movidos a tração animal (charretes).

"Começamos com o motor elétrico em 2011. No ano seguinte, tivemos problema com a polícia. A polícia queria proibir o nosso serviço constando que era motor e não poderia em razão da regulamentação da ilha", explicou Ednard Lima Pereira. "A gente lutou e conseguiu fazer uma cooperativa e, através da cooperativa, conseguimos chegar a uma lei."