Casal gay diz ter sido agredido por guardas municipais em Piracicaba (SP)
Um casal de homossexuais denunciou dois guardas civis de Piracicaba (a 164 km de São Paulo) por agressões motivadas por homofobia. Segundo o casal, na última quinta-feira (28), eles foram chamados de “viadinhos”, “gayzinhos” e “noias” e levaram coronhadas dos guardas, que chegaram a disparar três tiros em direção à moto na qual os dois estavam. A Guarda Municipal informou que a denúncia será investigada.
Victor Hudson Passeri Barros, 19, levava a namorada, a travesti e cabeleireira Suzi, até a casa dela. Quando chegou ao local, Suzi desceu da motocicleta e retirou o capacete, indo em direção a ele para dar um beijo de despedida.
Nesse momento, dois guardas municipais, um homem e uma mulher, que estavam em um carro, teriam deixado o veículo e começado a proferir as ofensas.
“Eles chegaram me chamando de viadinho. (...) E aí começaram a dar coronhadas na minha cabeça e na da minha namorada”, disse ele. “Nunca tive problema com nenhum policial. Não sei quem são eles, mas sei que os conheço de vista.”
De acordo com Suzi, a ação transcorreu sem conversa. “Eles já chegaram xingando e batendo. Eles deram três tiros, sendo que um atingiu a moto, o outro foi dado ao lado da orelha do meu namorado e o terceiro foi para cima”, disse.
Depois, o casal ainda teria levado mais coronhadas e socos. "Eu não apanhei mais porque corri, saí de perto deles. Aí comecei a fazer escândalo, alguns carros começaram a parar e eles foram embora”, contou.
Eles decidiram então chamar a polícia, que chegou ao local e recolheu as cápsulas dos disparos da arma de fogo. De acordo com o boletim de ocorrência sobre o caso, três cápsulas foram apreendidas pela Polícia Militar e entregues à Polícia Civil, que conduzirá as investigações.
Como estavam machucados, eles foram encaminhados a uma unidade de saúde da cidade, onde receberam atendimento médico e foram liberados. Eles foram até o Plantão Policial, onde registraram a ocorrência e, na sexta-feira (29), fizeram exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal). “Estou com duas contusões na cabeça e o pulso machucado. Fora as marcas no rosto”, disse Barros.
Ele contou ainda que houve duas testemunhas que presenciaram a ocorrência e que estão dispostas a depor. "Elas irão, mas não vou revelar quem são. O que quero é que esses monstros sejam impedidos de trabalhar nas ruas de novo", disse Barros.
A reportagem tentou localizar os guardas, mas foi informada pela Guarda Civil que os nomes deles não seriam divulgados. A instituição disse, em nota, que irá apurar o caso e confirmou que houve abordagem ao casal, mas não as agressões.
"A viatura vinha em direção à sede da guarda para encerrar o serviço quando passaram a ser acompanhados por uma moto com dois ocupantes. A moto ultrapassou a viatura e parou em um recuo logo à frente. Os guardas, informados sobre possíveis ataques a policiais e guardas, pararam e abordaram os ocupantes da moto, sendo um deles travesti conhecida como Suzi, que começou a gritar”, diz a nota.
Segundo a corporação, outras travestis se aproximaram do local e houve necessidade do disparo de arma de fogo, para o alto, de forma a “assegurar a integridade dos ocupantes da viatura”.
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