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Manaus produz 1/4 das bicicletas do país, mas tem apenas 6 km de ciclovias

Trecho de obra de calçada compartilhada na avenida Álvaro Botelho Maia, em Manaus. Cicloativistas de Manaus reclamam da qualidade da obra e da falta de infraestrutura na cidade para os ciclistas - Reprodução/Facebook
Trecho de obra de calçada compartilhada na avenida Álvaro Botelho Maia, em Manaus. Cicloativistas de Manaus reclamam da qualidade da obra e da falta de infraestrutura na cidade para os ciclistas Imagem: Reprodução/Facebook

Leandro Prazeres

Do UOL, em São Paulo

19/09/2014 06h00Atualizada em 19/09/2014 13h22

Na Semana da Mobilidade, Manaus vive uma contradição de dimensões quilométricas. A cidade que, sozinha, produziu mais de 797 mil bicicletas em 2013, tem apenas seis quilômetros de ciclovias.

Aos poucos, a capital do Amazonas se mobiliza para utilizar as bicicletas como meio de transporte, mas atual administração, que durante as eleições prometeu 80 quilômetros de ciclovias até o final do mandato, está longe de atingir a marca.

De acordo com a Abraciclo (entidade que reúne fabricantes de motos e bicicletas), as fábricas do PIM (Polo Industrial de Manaus) fabricam um quarto das 4 milhões de bicicletas produzidas por ano.

A grande produção, no entanto, não se reflete no número de ciclistas da cidade. Segundo estudo produzido pelo IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) liberado em 2012 indica que 3,6% dos manauaras utilizam a bicicleta como meio de transporte.

O número é levemente superior à média nacional para moradores de capitais, que é de 3,22%.

Por outro lado, a cidade de pouco mais de 2 milhões de habitantes concentra 685 mil automóveis, segundo dados do Detran-AM.

Para o coordenador da ONG Pedala Manaus, Paulo Aguiar, o volume de bicicletas produzido na cidade e a infraestrutura para o uso delas é completamente antagônico. “A gente se ressente muito. Apesar de toda essa produção, não temos nenhum incentivo para usar a bicicleta no nosso dia a dia”, lamenta Aguiar.

O coordenador lembra que, em 2012, o então candidato à Prefeitura de Manaus, Artur Virgílio Neto (PSDB), prometeu criar 20 quilômetros de ciclovias na cidade por cada ano de mandato. Até agora, porém, apenas seis quilômetros foram inaugurados por ele.

“Essa ciclovia que eles inauguraram foi feita às pressas e não tem sinalização correta. Ela foi feita na calçada e liga nada a lugar nenhum. Havia um outro projeto que era previsto para ser inaugurado durante a Copa do Mundo, mas a obra atrasou”, diz. O trecho citado por Paulo Aguiar fica entre as avenidas das Torres e Nathan Xavier.

Recentemente, as obras de uma calçada compartilhada em uma das avenidas mais movimentadas de Manaus, a Álvaro Botelho Maia, revoltaram os cicloativistas da cidade. A calçada é toda em concreto com marcações em branco indicando sobre a possibilidade de passagem de ciclistas, mas sem nenhuma outra sinalização. “Aquilo ficou muito mal feito”, diz Aguiar.

De acordo com a Prefeitura de Manaus, a atual gestão pretende entregar, até o final de 2016, 80 quilômetros de ciclovias, sendo 30 quilômetros ainda neste ano.

A administração municipal disse que as obras atrasaram devido a "adequações de projeto e definição de novos materiais" e que a sinalização dos trechos já inaugurados estará pronta quanto os lotes de ciclovias forem concluídos.

Em relação ao trecho polêmico da avenida Álvaro Botelho Maia, a Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura, informou que apenas ‘executou o projeto’ encaminhado pelo Implurb (Instituto Municipal de Planejamento Urbano) e que as obras constam de um pacote que deveria ter sido concluído antes da Copa do Mundo, mas que até agora está em andamento. 

O Implurb, por sua vez, disse que o piso utilizado pela prefeitura na ciclovia Boulevard-Ponta Negra, 'foi definido em colaboração com vários grupos de pedal e ciclistas de Manaus'. 

Paulo Aguiar, no entanto, coordenador de um dos maiores grupos de ciclistas da cidade, nega ter sido consultado. "Ninguém perguntou sobre o material pra gente. Eles perguntaram sobre os trajetos, mas não sobre o material construtivo que seria utilizado", disse Aguiar. 

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