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Dívidas, seca e dengue cancelam Carnaval em 15 cidades do interior de SP

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Americana (SP)

29/01/2015 06h00

Pelo menos 15 cidades do Estado de São Paulo decidiram cancelar ou cortar atividades nas festividades de Carnaval por causa de falta de água, dinheiro ou necessidade de priorizar o combate à dengue.

Araras (170 km de São Paulo) e Cordeirópolis (142 km de São Paulo) já decidiram cancelar a festa por causa da falta de água.

De acordo com o prefeito de Araras, Nelson Brambilla (PT), o momento crítico não permite desperdícios de água. "Nossa decisão é um ato de respeito a esse momento crítico vivenciado pela população e o governo devido à crise hídrica."

Já em Cordeirópolis, cidade de 20 mil habitantes, a festa de Momo foi cancelada por causa do alto número de visitantes poderia agravar ainda mais a situação hídrica do município, que utiliza, há mais de três meses, água de uma cava de mineração para abastecer a população. A represa que abastece a cidade já secou.

A estimativa era receber pelo menos 10 mil pessoas por dia. "Nessa crise hídrica, usar a água para a lavagem da sujeira neste ano seria mais polêmico do que cancelar a festa", informou a administração.

Dengue

Outras duas cidades preferiram cancelar a festa e investir os recursos no combate à dengue. É o caso de Catanduva (385 km de São Paulo), que possui um dos mais tradicionais carnavais do interior do Estado.

O investimento seria de R$ 1,5 milhão e a expectativa era atrair 100 mil pessoas para o festejo.

"O cenário econômico do país faz com que se tomem todas as precauções para que Catanduva possa continuar a se desenvolver (...) por determinação do prefeito Geraldo Vinholi, não foi realizada a festa de final de ano na avenida Theodoro Rosa Filho, e agora, a decisão é de que não seja realizado o carnaval 2015", informa a administração.

Penápolis (425 km de São Paulo) também cancelou a festa pelo mesmo motivo.

"O evento Carnaval Popular, cujos preparativos já tinham sido iniciados, foi cancelado. A prefeitura quer mover todos os esforços para o combate à dengue, tendo em vista o crescente número de casos registrados desde o último mês de dezembro (...) pensando em priorizar nossos esforços para o combate à dengue, resolvemos cancelar a realização do Carnaval neste ano”, informou a prefeitura.

Dívidas

A maioria dos municípios que não irá realizar a festa, no entanto, decidiu pelo cancelamento depois de avaliar a situação financeira. Em Ibirá (417 km de São Paulo), onde a festividade é tradicional, a prioridade é pagar uma dívida de R$ 4,6 milhões.

"Exatamente essa dívida, que compromete o Orçamento, exige que sejam tomadas todas as medidas necessárias e possíveis para quitá-la (...) Por este motivo, qualquer gasto com a realização de Carnaval, seria uma imprudência", informou a administração, em nota.

Em Campo Limpo Paulista (53 km de São Paulo), a justificativa é investir os R$ 150 mil que seriam aplicados para a realização da festa na compra de três carros para a Guarda Municipal. Segundo o prefeito José Roberto Assis (PR), a decisão irá beneficiar à população.

"Tendo em vista os altos números de assalto, resolvemos comprar as viaturas", disse o prefeito.

Em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), a maior das cidades entre as que cancelaram a festa, a economia será de quase R$ 1 milhão.

"O repasse, que seria de R$ 1,2 milhão, será de R$ 300 mil", disse o secretário de Cultura, Alessandro Maraca. A cidade cortou o desfile de rua, mas terá programação de Carnaval na quadra das escolas de samba da cidade.

Barretos (423 km de São Paulo), por sua vez, irá economizar os R$ 1 milhão que iria gastar com Carnaval.

“Até tentamos conseguir essa verba com o governo estadual e com o governo federal para a realização, mas não conseguimos", disse o secretário de Cultura, Adriano Santos, que informou, porém, que a festa volta a ser celebrada no ano que vem.

A região de Ribeirão ainda terá duas cidades de médio porte que já cancelaram o Carnaval. São elas Jaboticabal (342 km de São Paulo) e Sertãozinho  (333 km de São Paulo), cujos eventos custariam, respectivamente, R$ 200 mil e R$ 700 mil.

“O prefeito entendeu que existem outras prioridades, principalmente em relação aos moradores de rua", disse o secretário de Governo de Jaboticabal, José Paulo Lacativa Filho.

Sertãozinho informou que os recursos serão usados para pagar dívidas.

Fechando a lista das cidades que cancelaram o Carnaval por motivos financeiros, estão Americana (127 km de São Paulo), Paranapanema (261 km de São Paulo), Itirapina (212 km de São Paulo) e Suzano (44 km de SP). 

Além delas, São Carlos  (232 km de São Paulo) também não terá Carnaval, mas a causa é a impossibilidade de fazer repasses às escolas de samba por conta de problemas na prestação de contas com o TCE (Tribunal de Contas do Estado).

As demais atividades, segundo a prefeitura, serão mantidas, mas de forma econômica.