Por causa de vacina, haitiano 'mora' três dias em Viracopos
Dormir em cadeiras, fazer apenas uma refeição por dia, tomar um banho, perambular pelo saguão do aeroporto dia e noite e contar com a solidariedade de desconhecidos. Essa foi a realidade do haitiano Luckner Filosier, 34, nos últimos três dias, período em que esteve “acampado” no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (93 km de São Paulo), após ser impedido de embarcar para Porto Príncipe, sua terra natal, por não ter o certificado internacional de vacinação com a comprovação da vacina contra a febre amarela, que é obrigatória para a entrada naquele país.
Sem dinheiro para se alimentar e muito menos para ficar em um hotel, até o próximo dia 11, data prevista para seu novo embarque, o jeito foi aceitar ajuda. Assim, Filosier já conseguiu tomar a vacina obrigatória em um posto de saúde da região, mas precisa aguardar os dez dias exigidos para o embarque.
Sem nenhum orgulho, o haitiano aceitou todo tipo de ajuda: dinheiro, comida, banhos. Nesta tarde, o estrangeiro decidiu aceitar a ajuda de membros de uma igreja evangélica no parque São Domingos e foi levado pra lá, onde deve ficar instalado até a data da viagem.
O estrangeiro afirma que não sabia da exigência da vacina e muito menos que precisaria tomar ao menos dez dias antes de embarcar. “Quando fui embarcar, pediram a carteira de vacinação contra febre amarela, mas eu não tinha e fui barrado”, disse Filosier, que deixou mulher e filha no Haiti em 2012.
Filosier chegou ao Brasil para trabalhar na construção civil em Manaus. Mas pouco tempo depois surgiu uma oportunidade melhor em Chapecó, Santa Catarina, para trabalhar como entregador em um supermercado. Assim que foi demitido, no início deste ano, decidiu voltar para a família.
“Só quero ver minha família. Não consegui juntar dinheiro nenhum, só o da passagem de volta, mesmo. Vim para tentar uma vida melhor, mas não deu certo”, disse. Ele desembarcou em Viracopos na tarde de terça-feira (27), vindo de Chapecó e embarcaria para Porto Príncipe, na madrugada de quarta-feira (30), mas como não conseguiu viajar, perambulou pelo terminal durante todo esse tempo.
Funcionários do aeroporto ajudaram o haitianos. “Muita gente ajudou com lanches. Logo que eu soube da história dele comecei a procurar um lugar pra abrigá-lo. Procurei por ele ontem o dia todo, mas não encontrei. Graças a Deus consegui achá-lo hoje e ele já está instalado na igreja. Lá ele vai poder dormir bem, se alimentar melhor, tomar banho e esperar a data da viagem”, disse Eliomar Alves, que é fiscal dos ônibus no aeroporto.
Antes de ir para a igreja, Filosier foi procurado pela Secretaria de Assistência Social da cidade para ir a um albergue, mas preferiu continuar improvisando no aeroporto mesmo. Mas quando a igreja lhe ofereceu o espaço, ele aceitou. “Agora, vou ficar por aqui. Me sinto seguro aqui. Mas não tenho dinheiro para comprar outra passagem”, disse.
A Aeroportos Brasil Viracopos informou que está à disposição do estrangeiro para ajudá-lo no que for preciso. A concessionária, inclusive, foi quem procurou a Prefeitura de Campinas para informar sobre o caso. Procurada, a Copa Airlines disse que a vacina contra a febre amarela é uma exigência internacional e que está apenas cumprindo as normas. Mas informou que vai remarcar a passagem sem custo assim que a situação estiver regularizada.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informou que a companhia agiu corretamente ao negar o embarque por se tratar de acordos internacionais. A agência confirmou que o haitiano recebeu a dose necessária da vacina em um posto de Campinas e disse que agora é preciso esperar o período exigido para o embarque.
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