Cartão-postal de Brasília, lago Paranoá será usado para abastecimento
A fim de evitar que o Distrito Federal sofra com problemas de desabastecimento por causa do crescimento populacional, a Caesb (Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal) tem um projeto para utilizar, a partir de 2018, a água do lago Paranoá, um dos cartões-postais da capital, para consumo da população.
A obra, que está orçada em R$ 465 milhões cedidos pelo governo federal, deve abastecer cerca de 600 mil pessoas na capital federal. Dados da Caesb apontam que a vazão da água captada pelo lago será inicialmente de 2,1 m³/s e depois para 2,8 m³/s.
De acordo com o assessor especial da diretoria de Engenharia da Caesb, Antonio Harada, a localização do lago e a qualidade da água foram decisivas para escolha. Harada afirma que o lago vai garantir água pelos próximos 40 no DF. "A atuação conjunta desse sistema, do futuro sistema Corumbá e do Bananal, afastará o risco de desabastecimento em todo o Distrito Federal."
Esta será a primeira vez que o Paranoá, represado artificialmente em 1959, será utilizado para abastecer as torneiras do Distrito Federal. Até agora, o lago vem sendo utilizado para equilibrar a umidade do ar, para gerar energia elétrica para a região e como área de lazer.
De acordo especialistas, a ação é necessária, mas precisa ser feita com cuidado. “Um dia isso teria que ser feito, mas a água precisa ser usada com parcimônia. Se isso for feito, não há risco de assoreamento”, diz Geraldo Boaventura, professor do Instituto de Geociências da UnB (Universidade de Brasília).
Para o professor, a maior preocupação está relacionada a pontos que desaguam no Paranoá como, por exemplo, o córrego do Riacho Fundo. “Nesta região, há grande poluição causada por moradias irregulares e despejo de esgoto e lixo. É preciso estabelecer regras de uso e preservação. Só assim o projeto será sustentável”, diz.
O presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica do Paranoá, Jorge Enoch, aponta que é preciso um controle do crescimento do DF. “Por ano, o aumento de população é de 60 a 70 mil habitantes. É preciso tomar cuidado a urbanização de forma desordenada. Ou seja, para além do uso da água, é preciso planejar esse crescimento”, diz.
Enoch relembra que o Paranoá, na década de 1970, era um local muito poluído: “Há despejos de efluentes, mas o lago ainda mantém um nível de qualidade bom. É preciso ficar alerta para que a qualidade se mantenha". De acordo com ele, o CBH Paranoá não recebeu oficialmente o projeto da Caesb, mas acompanha o assunto.
A Caesb ressalta que o governo do DF ter mais rigor no policiamento das atividades impactantes na bacia e que a localização da captação de água mostra-se pouco suscetível a danos ambientais como no caso do assoreamento. "O assoreamento do lago Paranoá ocorre em suas extremidades, enquanto a captação para abastecimento ocorre na parcela central, mais profunda, que não sofre reflexos", diz Harada, da Caesb.
Saiba mais sobre o lago Paranoá:
- Bacia de drenagem: 1034,07 km²
- Área superficial: 37,50 km²
- Volume total: 498 x 106 m³
- Profundidade média: 12,42 m
- Profundidade máxima: 40 m
- Perímetro: 111,87 Km
- Comprimento: 40 Km
- Largura máxima: 5 Km
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