Topo

Rio volta a ter o metrô mais caro do país; tarifa vai a R$ 3,70

Aviso afixado na bilheteria da estação Cinelândia informa sobre o aumento da tarifa - Júlio César Guimarães/UOL
Aviso afixado na bilheteria da estação Cinelândia informa sobre o aumento da tarifa Imagem: Júlio César Guimarães/UOL

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

02/04/2015 06h00

Depois de passar quase três meses dividindo o posto com São Paulo, o Rio de Janeiro voltou a ter o metrô mais caro do Brasil. Com o aumento do valor do bilhete para R$ 3,70, nesta quinta-feira (2), a rede metroviária da capital fluminense "desempatou" com a da capital paulistana, que cobra R$ 3,50 por viagem desde o início do ano.

Atualmente, existe metrô em funcionamento em outras seis cidades brasileiras: Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Recife (PE), Teresina (PI), Fortaleza (CE) e Salvador (BA). A capital baiana, que inaugurou sua rede em junho do ano passado, é a única que ainda não opera comercialmente.

Apesar de ser o mais caro do país, o metrô do Rio, com seus 41 km de extensão, tem pouco mais da metade da malha ferroviária de São Paulo, de 78,3 km. A rede paulistana também tem quase o dobro do número de estações da carioca --68 contra 36-- e transporta, em média, 4,7 milhões de passageiros por dia. No Rio, este número é quase seis vezes menor: 800 mil.

Com 42,38 km de extensão, o metrô do Distrito Federal também tem uma malha ferroviária maior do que a da capital fluminense, que vai ganhar mais 16 quilômetros até os Jogos Olímpicos do ano que vem, segundo o governo do Estado. A Linha 4 do metrô do Rio terá cinco estações e ligará Ipanema, na zona sul, à Barra da Tijuca, na zona oeste.

Enquanto em São Paulo o valor da tarifa do metrô é igual ao de ônibus e de trens urbanos, no Rio, o bilhete cobrado pela concessionária MetrôRio passou a ser R$ 0,30 mais caro que a passagem de ônibus e R$ 0,40 que o dos trens da SuperVia.

Procurada pelo UOL para comentar a "liderança" do metrô carioca, a Secretaria de Estado de Transportes informou que a tarifa é definida pelas regras do contrato do concessão. "Além disso, o sistema não tem nenhum tipo de subsídio", completou, em nota.

A secretaria lembrou ainda que o metrô do Rio está recebendo investimentos na ordem de R$ 1 bilhão desde 2009, que incluem a compra de novos trens, a modernização dos sistemas de segurança e sinalização e a construção de novas estações.

Entenda o reajuste no Rio

O reajuste no metrô do Rio foi autorizado pela Agetransp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes do Estado do Rio) no dia 26 de fevereiro. Foi o segundo aumento na tarifa em menos de 11 meses. O anterior, de R$ 3,20 para R$ 3,50, ocorreu em 18 de maio do ano passado.

O valor anterior, por sua vez, passou a valer em 2 de abril de 2012. O governo do Estado chegou a anunciar o aumento na tarifa em fevereiro de 2013, mas foi pressionado a voltar atrás por conta da onda de manifestações que tomou conta do Rio naquele ano.

Para calcular o novo valor, a Agetransp considerou a tarifa homologada no reajuste anterior, de R$ 3,5346, sobre a qual foi aplicado o índice de 3,98%, referente à variação do IGP-M (índice de inflação calculado pela Fundação Getúlio Vargas) entre janeiro de 2014 e janeiro de 2015, conforme previsto em contrato. A tarifa resultante, de R$ 3,6753, pôde ser arredondada para R$ 3,70 por conta de uma cláusula contratual.

Fim do subsídio

Até ontem, quem utilizava o Bilhete Único Intermunicipal pagava R$ 3,20 no metrô do Rio, por conta do subsídio concedido pelo governo do Estado à concessionária, com base na lei que criou a chamada "tarifa social". Em grave crise financeira, o governo do Rio decidiu acabar com o benefício.

"A decisão de igualar a tarifa social à tarifa modal para o sistema metroviário baseia-se na necessidade de redução do subsídio do governo estadual, em face à situação fiscal que passa o Estado e o país", justificou a secretaria estadual de Transportes, em nota.

Durante entrevista no mês passado, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) citou a investigação de uma fraude envolvendo o Bilhete Único como um dos motivos para o fim do incentivo. Nesta segunda-feira (30), foram anunciadas medidas para evitar irregularidades no sistema, como a implementação de biometria e a obrigatoriedade de que uma das viagens de integração custe, no máximo, R$ 3,70.