Prédio na Lapa, no Rio, tem corredores cobertos por ladrilhos com suásticas
Hoje um prédio residencial, o Edifício Victor, um antigo hotel de arquitetura art déco localizado na rua do Riachuelo, próximo aos Arcos da Lapa, no centro do Rio de Janeiro, guarda em seus corredores uma decoração um tanto quanto peculiar. Ao invés de flores ou símbolos abstratos, em alguns andares os ladrilhos desenham pequenas suásticas.
Pesquisadora da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) e moradora do Victor desde 2008, Vanessa Leite diz que o piso sempre causa "comoção" entre seus visitantes. Ela conta que uma amiga alemã que se hospedou no local uma vez ficou perturbada com os desenhos. "Os amigos acham estranho, mas para a gente acaba sendo algo pitoresco", diz.
Para além do nazismo, que teve a suástica como seu principal símbolo, ela diz que costuma argumentar lembrando a dimensão histórica das pastilhas. "O prédio é dos anos 1920, antes da ascensão do nazismo. Gosto de pensar que não há uma motivação política, mas uma dimensão histórica que tem que ser respeitada", diz.
Assim como no caso de Vanessa, são apenas os amigos do jornalista Patrick Monteiro, que mora no prédio há cerca de um ano e meio, que costumam se incomodar com o piso. Ele mesmo demorou a reparar. “Na hora em que mudei para cá, nem prestei atenção. Um amigo filósofo fica revoltado, pergunta como tenho coragem de morar aqui”, diverte-se.
O historiador Milton Teixeira lembra, no entanto, que o prédio não é o único local no Rio a ostentar suásticas em sua decoração. Para ele, o mais provável é que os ladrilhos não tenham nenhuma relação com o movimento comandado por Adolf Hitler.
“A suástica existia muito antes de Hitler nascer. Representa deus, o sol. Existe na Índia, na China”, explica. “Era uma decoração relativamente comum no Rio no início do século 20, nada tem a ver com o nazismo. Você pode encontrar pisos com suásticas na Igreja de São José [no centro da cidade], por exemplo, e até na pré-história brasileira”, afirma.
Segundo o porteiro do prédio, José Macedo, o edifício, cuja fachada está entre os imóveis preservados pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, foi construído por um espanhol. Ele conta que com frequência o prédio, que também já foi locação de filmes e novelas, recebe visitantes que pedem para fotografar tanto os detalhes arte déco quanto o piso, mantido no original apenas em alguns andares, mas dá de ombros quanto ao possível significado. “Tem quem ache estranho, mas não é da minha época. Não incomoda.”
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