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Antes de ser morto, menor condenado por estupros no PI escreveu carta à mãe

Arquivo pessoal/Elizabeth Vieira
Imagem: Arquivo pessoal/Elizabeth Vieira

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

22/07/2015 18h01

O adolescente Gleison Vieira Silva, 17, condenado por atos análogos a homicídio e a estupro coletivo cometidos contra quatro garotas em Castelo do Piauí, escreveu carta para a mãe dois dias antes de ser morto, no último dia 15, no CEM (Centro Educacional Masculino), localizado em Teresina. Silva foi espancado até a morte. Os três colegas com quem dividia o alojamento são acusados pelo assassinato.

No texto, o adolescente pede perdão à mãe, Elizabeth Vieira, e diz saber que Deus o perdoou.

"Mãe, eu sinto muito a sua falta, eu quero que você me perdoe pelo que fiz. Eu sei que Deus me perdoou, agora eu quero seu perdão. Desculpa, mãe, por eu não ter sido um filho que você sempre quis, mas eu quero que você saiba que você nunca vai sair da minha mente e do meu coração", escreveu Gleison na carta, que foi entregue à sua mãe na última visita feita a ele, no dia 14, quando ainda estava internado no Ceip (Centro Educacional de Internação Provisória).

Em outro trecho, o adolescente agradece pelo amor que recebeu da mãe e diz que “nunca recompensou o que ela fez por ele”. “Obrigada por ter sido uma mãe tão boa. Eu agradeço a Deus por ter você comigo, eu nunca vou esquecer de você e nem da minha vovó e nem do meu padrasto."

No envelope usado para enviar a carta, Gleison pede que a mãe guarde a mensagem por três anos – que seria o tempo máximo que ele ficaria internado, cumprindo as medidas socioeducativas após sua condenação--, porque gostaria de vê-la assim que fosse libertado.

Menores foram isolados após a morte de menor

Depois da morte de Silva, os três adolescentes acusados do crime foram transferidos para o Ceip e estão isolados em alojamentos individuais.

Gleison Silva foi o delator do grupo, composto por quatro menores e pelo adulto Adão José de Sousa Silva, 40. Eles foram acusados de praticar estupro coletivo contra quatro garotas –uma delas morreu – em Castelo do Piauí, região norte do Estado, no dia 27 de maio.

Ao serem apreendidos, os menores foram levados para o Ceip, onde ficaram em alojamentos individuais até o último dia 15, como medida para manter a integridade física deles, quando foram transferidos para o CEM para cumprirem as medidas socioeducativas com privação de liberdade determinadas pela Justiça.

Porém, ao chegarem ao CEM, devido à superlotação, os quatro foram colocados no mesmo alojamento. Na noite da quinta-feira (16), Silva foi atacado pelos três colegas e morreu. Após o assassinato, os três adolescentes foram levados provisoriamente para o Ceip, onde estão isolados.

Relembre o crime

As garotas atacadas pelo grupo têm idades entre 15 e 17 anos e estavam subindo o Morro do Garroto quando foram dominadas, amarradas em árvores e espancadas, levando pontapés, pedradas e pauladas.

Depois, ficaram desacordadas, foram estupradas, arrastadas e jogadas de cima de um penhasco da altura de um prédio de três andares. Já caídas, elas ainda foram apedrejadas.

O MPE (Ministério Público Estadual) denunciou os quatro menores à Justiça por atos infracionais análogos ao feminicídio, tentativa de feminicídio, associação criminosa e estupro. Eles foram condenados a 24 anos de reclusão, mas só ficarão internados por três anos em regime de internato, conforme determina o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

Porém, caso a Justiça avalie que eles não foram ressocializados durante esse período, eles podem ficar internados até atingirem a idade de 21 anos.

O adulto Adão José de Sousa Silva, 40, poderá ser condenado a 151 anos e 10 meses de prisão, caso o juiz aplique a pena máxima dos crimes que ele foi denunciado pelo MP.

Sousa é acusado de porte ilegal de arma, estupro qualificado (contra menor de 18 anos), homicídio com cinco qualificadoras (motivo torpe, tortura acometida por meio cruel, impossibilidade de defesa das vitimas, ocultação do crime de estupro e feminicídio), tentativa de homicídio, corrupção de menores e associação criminosa com aumento de pena por envolvimento de menores.