Greve de ônibus causa transtornos pela manhã em Curitiba
Uma greve parcial de ônibus paralisou perto de 15% da frota de Curitiba (PR) na manhã desta terça-feira (1º), segundo estimativas da Urbs, empresa responsável pela operação dos ônibus na capital. Às 11h, parte dos grevistas já tinha voltado ao trabalho, e a paralisação foi encerrada de vez por volta das 13h. Nem a Urbs e nem o sindicao dos trabalhadores sou beram estimar quantas pessoas foram afetadas pelo movimento.
A razão da paralisação foi o atraso no pagamento do 13º salário para parte dos motoristas e cobradores de um dos três consórcios responsáveis por operar o transporte coletivo em Curitiba. A região mais afetada foi a área sul da capital paranaense.
Uma reunião no Ministério Público do Trabalho definiu o pagamento ainda nesta terça-feira - participaram, com representantes da Urbs e do Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) e Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba (Sindimoc).
Entre os ônibus afetados pela paralisação estiveram os biarticulados que circulam pelas canaletas exclusivas – as principais linhas de ônibus de Curitiba. De acordo com a Urbs, veículos de outras empresas foram remanejados para algumas linhas a fim de manter o sistema em operação.
No entanto, em alguns terminais e estações-tubo, não houve cobradores e motoristas e os passageiros puderam usar o transporte coletivo sem pagar, mas com atrasos. Em termos de trânsito, toda a cidade foi afetada, com o aumento de carros em todo o município.
O impasse a respeito da greve acontece desde a última semana, quando o Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) anunciou que não teria dinheiro para quitar o 13º salário e teria que demitir 2 mil motoristas e cobradores para manter a operação rentável.
O posicionamento do Setransp fez com que o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba (Sindimoc) aprovasse um indicativo de greve geral.
Na segunda-feira (30), a Urbs repassou R$ 1,6 milhão ao Setransp a fim de evitar a greve geral. Outros R$ 900 mil foram enviados nesta terça a fim de quitar os débitos relativos ao 13º salário.
O Setransp informou que 85% dos valores devidos da parcela do 13º foram quitados na segunda-feira (30). E, nesta manhã (1ª), os 15% restantes foram quitados. De acordo com a entidade, “boa parte desses valores foi assumida pelas empresas com capital próprio”. A expectativa do Sindimoc e do Setransp é que o transporte seja normalizado o mais rápido possível.
Decadência
Curitiba já foi considerada referência no transporte coletivo em todo o país, contudo, ao longo dos últimos anos, vem enfrentando problemas. O número de passageiros transportados caiu entre 2007 e 2014, mesmo com o aumento populacional. Por outro lado, a frota de carros cresceu de 1,06 milhão para 1,49 milhão no mesmo período, crescimento de 28%.
E, em 2015, houve a separação financeira entre Urbs e Comec. Ou seja, a primeira administra a capital e a segunda as linhas intermunicipais, o que afetou a integração entre as cidades, um dos principais diferenciais do sistema de transporte.
A principal causa para os constantes problemas no sistema de transporte é a chamada tarifa técnica. Hoje, ela é de R$ 3,21 – o passageiro paga R$ 3,30 na capital –, o que, segundo os empresários, é um valor inviável para operar o sistema.
Em audiência pública na Câmara Municipal de Curitiba neste mês, o presidente do Setransp, Maurício Gulin, chegou a afirmar que a situação é “insustentável”.
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