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Empresário instala geladeira com comida de graça em rua de Sorocaba (SP)

Projeto Geladeira Solidária, em que empresário disponibilizou um eletrodoméstico para ser abastecido por voluntários para alimentar moradores de rua - Divulgação
Projeto Geladeira Solidária, em que empresário disponibilizou um eletrodoméstico para ser abastecido por voluntários para alimentar moradores de rua Imagem: Divulgação

Eduardo Schiavoni

Colaboração para o UOL, em Ribeirão Preto (SP)

14/03/2016 13h58

Um empresário de Sorocaba (a 99 km de São Paulo) resolveu tomar uma atitude para ajudar moradores de rua da cidade. Por R$ 250, comprou uma geladeira e a instalou em um local aberto ao público. Com a ajuda da população, a "Geladeira Solidária" está sendo abastecida com alimentos há algumas semanas, na rua Professor Toledo, na região central de Sorocaba.

Para consumir, basta apenas abrir o aparelho e pegar o que quiser. Não há controle e a reposição dos produtos é feita por voluntários.

Edson Ribeiro, idealizador da iniciativa, diz que o objetivo é facilitar o acesso a quem precisa dos alimentos e também para quem quer doar. "Tanto para pegar quanto para abastecer, é muito fácil. Ninguém monitora. Os alimentos são para consumo de qualquer pessoa que esteja com fome, e qualquer um pode ajudar", afirmou, reconhecendo que moradores de rua e pessoas de baixa renda são os que mais vão se beneficiar do projeto. "Mas nada impede que alguém que esteja com fome passe pelo local e pegue algum alimento."

Para doar, é preciso seguir algumas regras. "Quem quer colaborar deixa os alimentos no local. Mas as doações não podem ser de coisas vencidas, cruas ou com embalagens abertas. Também não aceitamos ovos nem bebidas alcoólicas. De resto, a regra é: se você consumiria esse alimento, a doação é bem-vinda", explica.

Iniciativas em outros locais

Ele diz que a iniciativa começou na Espanha e que já existe em outras cidades brasileiras, como Taubaté (SP) e Goiânia. Ele diz ter se inspirado em casos que conheceu pela internet.

Para colocar o projeto em prática, levou dois meses. Primeiro, a geladeira foi identificada. Aí foram distribuídos cartazes para divulgar a iniciativa. Só então uma extensão elétrica foi conectada à geladeira, instalada em frente a um centro terapêutico no qual Ribeiro faz trabalhos sociais.

"Existe um recuo, antes da calçada, e achamos que o local seria adequado. Comprei uma geladeira usada por R$ 250, puxei uma extensão da energia elétrica e está funcionando", conta.

Estrogonofe

O empresário diz que, depois que distribuiu folhetos, moradores já começaram a deixar alimentos. "Ontem mesmo tinha um estrogonofe que uma vizinha deixou, e ele já foi consumido. Temos uma rede de pessoas que começa a ajudar. A geladeira não está abarrotada, mas tem alimentos."

Ele relata ainda que alguns moradores de rua e até mesmo pessoas que têm casas, mas que estão com dificuldades para conseguir se manter, já utilizaram a geladeira para se alimentar. "Um morador de rua disse que passou o dia todo sem conseguir comida. Já uma outra pessoa disse que não tinha condição de comprar comida e levar para a família e que a geladeira ajudou na alimentação dela e dos filhos. São casos assim que mostram que o objetivo foi atingido."

Ribeiro diz que também procura despertar na população a consciência sobre o desperdício. “Nós jogamos fora quase um terço do que consumimos em um ano. Isso é muita coisa. Se pensarmos sobre isso e percebermos que outras pessoas não têm o básico, talvez esse número caia."

Ele conta que está buscando contato com comerciantes locais para que a "Geladeira Solidária" receba doação de produtos que, embora não estejam aptos para serem comercializados, podem ser consumidos. "Restaurantes, feirantes, essas empresas possuem sobras nessas condições. Acho que é preciso uma conscientização. Esses produtos podem matar a fome de uma família, não podem ser jogados fora", finaliza.