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Nunca houve plano para fechar ciclovia em caso de ressaca, diz Paes

Trecho da ciclovia Tim Maia, no Rio, que desabou na quinta (21). Duas pessoas morreram - Custódio Coimbra - 21.abr.2016 / Agência O Globo
Trecho da ciclovia Tim Maia, no Rio, que desabou na quinta (21). Duas pessoas morreram Imagem: Custódio Coimbra - 21.abr.2016 / Agência O Globo

Do UOL, em São Paulo

22/04/2016 23h11Atualizada em 22/04/2016 23h56

O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), disse na noite desta sexta (22) que nunca houve internamente na prefeitura, nem pela empresa que fez a obra, recomendação para o fechamento da ciclovia Tim Maia, na zona sul do Rio, em caso de ressaca. Na quinta (21), duas pessoas morreram depois que uma onda derrubou parte da via, que corre ao longo de uma encosta ao lado do oceano.

Ao comentar o problema, Paes citou nominalmente a fundação Geo-Rio, órgão da prefeitura responsável por licenciar obras em encostas. A obra da ciclovia, que custou R$ 44,7 milhões e foi entregue em janeiro, com seis meses de atraso, foi executada pelo consórcio Contemat/Concrejato.

"Agora parece meio óbvio que deveria ter se estabelecido um plano de funcionamento daquela ciclovia em caso de ressaca, de mar alto", disse o prefeito a jornalistas na sede do COR (Centro de Operações Rio), na região central do Rio. "Essa comunicação interna não houve mas, em última instância, era a Prefeitura que tinha que ter feito isso."

"Nunca houve uma recomendação por parte da Geo-Rio para fechar a ciclovia quando há ressaca. Então, você provavelmente tem um problema estrutural, além de um não encaminhamento de uma operação de uma ciclovia naquelas condições. Em caso de ressaca, de mar alto, devia-se botar um aviso indicando que a ciclovia não deveria ter sido utilizada. A prefeitura que deveria ter feito isso. Me sinto totalmente responsável", completou.

Horas antes, o secretário municipal de Coordenação de Governo, Pedro Paulo Carvalho, disse que o Rio deverá adotar interdições preventivas de ruas e ciclovias em caso de ressaca. Pedro Paulo é pré-candidato do PMDB à sucessão de Paes nas eleições deste ano.

Vídeo mostra momento do desabamento de ciclovia no Rio

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Paes informou ter aceitado o pedido de afastamento do presidente da fundação Geo-Rio, Márcio José Mendonça Machado.

"Ele pediu o afastamento. E seria afastado também", disse.

O risco de uma ressaca atingir a orla do Rio foi detectado ao menos dois dias antes de a onda destruir a ciclovia, segundo informações do CPTEC/Inpe (Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). 

"Nós vamos encontrar os responsáveis. Esse responsável certamente não é a natureza", afirmou o prefeito. "Não houve nenhum tipo de fato da natureza anormal, que já não aconteça no Rio de Janeiro."

Paes negou que tenha havido interferência do secretário municipal de Turismo, Antônio Pedro Viegas Figueira de Mello, a favor da Concremat, empresa que integra o consórcio da construção da ciclovia e pertence à família do secretário.

"A gente não vê nisso conflito ético nenhum. Ela vai ter que ser responsabilizada pelos equívocos que cometeu nessa obra ou por qualquer equívoco que cometeu na prefeitura", disse.

Reabertura

Questionado, o prefeito do Rio de Janeiro afirmou também que pretende cobrar da empresa Concremat a reconstrução da ciclovia e reabri-la ao público, porém, com algumas restrições. "Nosso objetivo é que haja uma checagem em toda a estrutura e também uma revisão de procedimentos. Fica meio obvio que seu uso deve ser restrito em caso de ressaca".

Uma auditoria deve ser concluída em até 30 dias sobre o desabamento da estrutura. Até a conclusão desta, ela deve permanecer interditada.

Veja a força das ondas no dia do acidente

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