Professora cria vaquinha online para realizar sonho de idosos de asilo em SC
Moradores de Blumenau, em Santa Catarina, criaram no asilo São Simeão, o mais tradicional da cidade, o projeto "Sonho em Viver", para que os idosos tivessem seus maiores desejos atendidos. Há dois meses, recolheram 37 sonhos dos velhinhos e se esforçam para realizá-los.
Há pedidos simples, como o de Catarina da Costa. Benzedeira desde menina, ela queria um terço novo para conduzir as rezas. Há sonhos de criança, como o de Alvino Willi Schlaechting, que quer viajar de avião, ou de Hermes Zalasik, que ir ao show de carros no parque Beto Carrero World. Há sonhos inusitados. Carmela Busarello, aos 74 anos, é virgem e não conheceu corpo de homem, por isso gostaria de ver um índio pelado.
Para todo sonho se dá um jeito. Pedro Kurnnã quer acampar no Amazonas, Carlos Manoel de Souza deseja conhecer o Uruguai. Santa Pinheiro quer encontrar o padre Robson do Santuário Divino Pai Eterno, em Trindade, Goiás.
Essas três vontades juntas custam em torno de R$ 16 mil, por isso foi criada uma vaquinha online no Catarse, a ser encerrada no dia 20 de agosto, para arrecadar o valor.
Por discussões entre os familiares e falta de interesse, o sonho mais difícil é o de Ana Cecília Cruz, que espera reunir todos os filhos no aniversário.
A idealizadora do projeto, a professora de administração Adriana Constante, 33, viu uma reportagem sobre um asilo de Lisboa, em Portugal, onde os velhinhos escreviam: “Antes de morrer, eu quero”. A ideia foi convertida para solo catarinense numa versão mais animada.
Os alunos de Adriana se uniram à causa. Atualmente, há 20 voluntários no projeto. No dia 18 de junho, eles coletaram os sonhos e foram em busca de pessoas que os realizassem.
Quase todos os pedidos já foram realizados. O que mais tocou Adriana foi o de Sergio Setuldeda. Chileno, perdeu a perna esquerda durante a ditadura de Pinochet. Seu sonho era ganhar uma perna mecânica para voltar a trabalhar.
Adriana pesquisava o valor de próteses quando viu um artigo do professor Helder Aníbal Hermani, físico que trabalha com tecnologias de reabilitação.
Ela entrou em contato para pedir ajuda na escolha da prótese, mas Hermani quis fazer a doação. A adaptação será feita em sessões de fisioterapia em uma clínica de Blumenau.
O sonho de Domingos Daniel Wramtkwsk promoveu uma repaginada em seu visual. Ele queria sarar de uma forte e constante dor de cabeça. Para isso, foi ao oftalmologista, ganhou óculos novos e fará um tratamento dentário.
Já a viagem de Carlos, 81, acabou gerando um problema para ele. Sua namorada, que também mora no asilo, não quer saber dele viajando sozinho por Montevidéu. Tem ciúmes.
Por isso os dois estão pensando em reconstruir o sonho, com um passeio do casal por Aparecida (SP), que custaria o mesmo valor, cerca de R$ 4.000, em transporte, hospedagem e alimentação. Carlos diz que não queria causar confusão: "É que nunca imaginei que pudesse virar realidade”.
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