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Polícia de MG conclui 3º inquérito sobre barragem e indicia 7 por lesão corporal

Rayder Bragon

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

28/10/2016 21h38

A Polícia Civil de Minas Gerais concluiu, nesta sexta-feira (28), o terceiro inquérito sobre o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), e indiciou sete pessoas pelo crime de lesão corporal grave. Caso sejam condenadas, elas podem cumprir pena de 1 a 5 anos de detenção.

Em novembro de 2015, o rompimento da barragem matou 19 pessoas [um corpo ainda não foi localizado] e foi considerado o maior desastre ambiental do país.

Foram indiciados Ricardo Vescovi de Aragão, ex-diretor-presidente da Samarco, Kleber Luiz Mendonça Terra, ex-diretor de operações e infraestrutura, Wagner Milagres Alves, ex-gerente geral de operação de mina, Wanderson Silvério Silva, que exercia o cargo de coordenador de planejamento e monitoramento, além de Germano Silva Lopes, ex-gerente geral de projetos estruturantes, Daviely Rodrigues da Silva, ex-gerente de geotecnia e hidrogeologia da Samarco, e Samuel Santana Paes Loures, engenheiro da empresa VogBR, empresa responsável por laudo que garantiu a estabilidade da barragem meses antes do seu colapso. 

Conforme a Polícia Civil, a intenção deste inquérito foi checar se havia vinculação entre sequelas e lesões. O inquérito foi instaurado no dia 29 de setembro, a pedido do MPF (Ministério Público Federal), e buscou apontar vítimas do crime de lesão corporal de natureza grave.

“Foram realizados exames de corpo de delito indireto, com base em laudos e relatórios médicos do atendimento prestado à época e também por exame complementar pela equipe do posto de medicina legal”, trouxe o informe da corporação.

O caminho de destruição da onda de lama da Samarco

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Homicídio

As sete pessoas desse terceiro inquérito ora finalizado já haviam sido indiciadas, em fevereiro deste ano, pelos crimes de homicídio qualificado por dolo eventual, inundação e poluição de água potável. Um segundo inquérito foi aberto para averiguar potenciais crimes ambientais e licenciamentos da barragem de Fundão. A polícia informou que ambos estão de posso de Ministério Público Federal.

Por seu turno, o MPF já denunciou 21 pessoas sob acusação de homicídio com dolo eventual.

Sobre o indiciamento anunciado hoje pela Polícia Civil, a Samarco disse, em nota, que “não tem conhecimento da conclusão deste inquérito. A empresa reafirma que tem contribuído repassando todas as informações solicitadas pelas autoridades”.

Já o advogado da VogBR, Leonardo Marinho disse estranhar o indiciamento feito pela Polícia Civil.

“O inquérito anterior que eles fizeram acabou tendo um problema de competência e ficou com a Justiça Federal. Eu não entendo, depois de essa questão já ter sido decidida, por que a Polícia Civil continua fazendo investigação de algo que já foi definido como sendo de competência da Justiça Federal”, afirmou.
 
Marinho ainda declarou que, apesar disso, o engenheiro Samuel Loures não foi acusado pelo MPF pelo crime de homicídio.
 
“O Ministério Público Federal somente acusou o Samuel por um problema no laudo. Ele não está vinculado com o problema do homicídio e dos crimes ambientais mais graves”, frisou.