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Advogado diz que embaixatriz está com "sentimento de injustiça muito intenso"

30.dez.2016 - A brasileira Françoise Amiridis, mulher do embaixador da Grécia no Brasil, Kyriakos Amiridis, na Delegacia de Homicídios da Baixada - José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo
30.dez.2016 - A brasileira Françoise Amiridis, mulher do embaixador da Grécia no Brasil, Kyriakos Amiridis, na Delegacia de Homicídios da Baixada Imagem: José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo

Gustavo Maia

Do UOL, em Belford Roxo (RJ)

02/01/2017 17h12

O advogado da mulher do embaixador da Grécia no Brasil, Kyriakos Amiridis, 59, disse nesta segunda-feira (2) que sua cliente, Françoise de Souza Oliveira, 40, presa desde sexta (30) pelo assassinato do marido, está se sentido injustiçada pela polícia.

Jorge Viana Dória foi até a sede da DHBF (Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense), em Belford Roxo, para ter acesso aos autos do processo, depois de visitar Françoise no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro.

"Ela está apreensiva, com um sentimento de injustiça muito intenso. Ela não planejou nada disso", declarou Dória. Segundo o advogado, a embaixatriz ditou uma carta que foi enviada nesta segunda ao Consulado da Grécia, dando a sua versão "sobre toda essa história".

Segundo a polícia, Françoise foi mandante do crime, cometido pelo policial militar Sérgio Gomes Moreira Filho, 29, e pelo sobrinho dele, Eduardo Moreira Tedeschi de Melo, 24.

O diplomata teria sido morto dentro da casa que pertencia à família, em Nova Iguaçu, na Baixada, na noite do dia 26 de dezembro, e o seu corpo colocado no carro alugado por ele para a estadia no Rio --eles moravam em Brasília, onde fica a Embaixada da Grécia.

O corpo e o veículo foram carbonizados.

O casal tem uma filha de dez anos, que no momento está com uma prima de Françoise, que mora em Campo Grande, na zona oeste da capital fluminense. Segundo Dória, a embaixatriz solicitou que ele apresentasse à Justiça um pedido liminar para que a filha continue onde está, "longe do turbilhão" em que se transformou o caso.

"Foi uma opção de Françoise porque elas conviveram sempre mais com a prima quando estavam no Rio de Janeiro", disse. Segundo o advogado, a prima tem mais condições financeiras para cuidar da menina que a mãe da embaixatriz, Rosângela, que pediu para ficar com a guarda da neta.

"Como toda mãe, ela está angustiada. Ela está aguardando o desate da investigação para que possamos pensar em uma medida de liberdade imediata", afirmou Dória.

O advogado contou que foi procurado por Françoise na noite de sexta, quando a Justiça decretou sua prisão temporária. Dória se preparava para viajar para São Paulo, para o Réveillon, mas cancelou os planos.

Foi direto para a DHBF, de onde a cliente foi transferida para o Complexo de Bangu.

Segundo Dória, a embaixatriz contou que quando deu falta do marido foi comunicar à delegacia, na quarta-feira (28), "dois dias depois". "Para mim, a informação divulgada pela polícia de que ela teria confessado ser amante do policial militar preso foi uma surpresa. Porque não tem sentido ela ter uma relação [extraconjugal] com uma família tão certa, tão direita", declarou.

Questionado sobre as supostas agressões cometidas contra Françoise pelo marido, informadas no depoimento dela, segundo a polícia, ele afirmou não ter conhecimento.

"Todos os depoimentos, quando tomados sem a presença de um advogado, a gente tem que ter uma certa reserva. Mas eu penso que ela não disse isso. Do que ela prestou de depoimento, muita coisa pode ser aproveitada. Eu vou ler. É interesse nosso que a verdade seja esclarecida."