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PB faz transferência de presos sob risco; diretor nega relação com massacres

Colaboração para o UOL, em João Pessoa

17/01/2017 22h36

Quarenta e três presos foram transferidos nesta segunda-feira (16) da Penitenciária Padrão Regional de Campina Grande, na Paraíba. Eles foram levados ao Complexo Penitenciário Doutor Romeu Gonçalves de Abrantes (PB-1), na capital João Pessoa, em operação que só foi revelada nesta terça.

Embora a transferência tenha ocorrido em meio a uma série de massacres em presídios no Brasil – como no Amazonas, em Roraima e no Rio Grande do Norte –, o diretor Alexandre Moreira Gomes negou que a saída dos presos tenha relação com a crise no sistema prisional vivida pelo país. “Não tem nenhuma relação com isso. A transferência foi necessária para a reforma das celas, que devem ficar prontas em até um mês”, explicou.

Segundo Gomes, os presos transferidos são provisórios, isto é, aguardam julgamento, mas vivem em situação de risco, alguns porque praticaram crimes sexuais, o que não é aceito no ‘código das prisões’, outros porque não têm um convívio harmonioso com os demais detentos. Eles ocupavam selas separadas, pois poderiam ser mortos caso colocados em celas normais do presídio.

Apesar da transferência, os 43 detentos não ficarão por muito tempo no PB-1. “Conseguimos através da secretaria essa transferência, mas os presos retornarão em, no máximo, 30 dias”, declarou Gomes.

A Penitenciária Padrão Regional, localizada no Complexo Serrotão, em Campina Grande, tem capacidade para 150 presos, mas abriga 648, conforme revelou o diretor. Apesar da superlotação e dos problemas com facções criminosas – falam em Okaida (nome com referência à rede afegã Al Qaeda) e PCC –, o clima na penitenciária está tranquilo, segundo Gomes. “Aqui está tudo normal, graças a Deus. Por coincidência a transferência dos presos se deu nesse momento de conflito e crise no sistema prisional do país”, afirmou.    

O PB-1

Um agente penitenciário do PB-1, presídio de segurança máxima do Estado, revelou que os presos, logo que chegaram, foram de imediato para a cela seguro, sem contato com os outros detentos. É uma forma de preservar a integridade física deles. “Esses presos que vieram transferidos estão em celas com melhor estrutura, dificulta qualquer tipo de problema”, afirmou o agente, que pediu para não ser identificado por medo de sofrer retaliações.

O mesmo agente penitenciário revelou que a Secretaria de Administração Penitenciária da Paraíba está identificando focos onde poderia haver algum tipo de problema e fazendo o remanejamento necessário para evitar conflitos como o registrado na Penitenciária Alcaçuz, no estado vizinho do Rio Grande do Norte, onde 26 presos morreram, e em outros presídios do país, que enfrenta uma crise no sistema prisional. O PB-1 tem capacidade para 700 detentos e abriga, atualmente, 670 já com os transferidos. “A Paraíba está vigilante”, declarou.

Na segunda-feira (16), em entrevista à imprensa local, o secretário de Administração Penitenciária da Paraíba, Wagner Dorta, disse que o Estado está em alerta para a possibilidade de motins e rebeliões. Na semana passada, dois detentos foram mortos na Penitenciária Padrão Romero Nóbrega, no município de Patos, a 350 quilômetros de João Pessoa.