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RN: Presos usam corda de pano para tentar fugir da penitenciária de Alcaçuz

Na penitenciária de Alcaçuz, em Nísia Floresta (RN), os prédios não têm mais cobertura - Beto Macário/UOL
Na penitenciária de Alcaçuz, em Nísia Floresta (RN), os prédios não têm mais cobertura Imagem: Beto Macário/UOL

Aliny Gama

Colaboração para o UOL, em Maceió

23/01/2017 14h59

Presos da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, localizada em Nísia Floresta (região metropolitana de Natal), tentaram fugir pelo telhado da unidade prisional, na madrugada desta segunda-feira (23), usando uma teresa –espécie de corda feita com lençóis. Eles foram flagrados pela guarda externa do presídio e ninguém fugiu, segundo o governo. Um preso foi baleado na contenção da fuga.

Os presos de Alcaçuz e do presídio Rogério Coutinho Madruga, conhecido como pavilhão 5 e que fica vizinho à penitenciária, estão amotinados desde o último dia 14, quando 26 presos foram assassinados em briga entre as facções criminosas PCC (Primeiro Comando da Capital) e Sindicato do Crime do RN.

A disputa das facções dentro das penitenciárias do RN já causou ataques a pelo menos 30 veículos – entre ônibus e carros oficiais, de Estado e prefeituras do RN.

Segundo a Sejuc (Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania), os presos subiram com a teresa pelo telhado do alojamento dos agentes penitenciários para tentar pular a muralha do presídio. No momento da fuga, agentes penitenciários e policiais militares que estão fazendo a guarda externa observaram o movimento estranho e contiveram o grupo com tiros.

“A polícia atirou para que os presos recuassem, o grupo que vinha atrás voltou, entrou nos pavilhões e nenhum deles fugiu”, disse a Sejuc. Ainda não se sabe de que pavilhão de Alcaçuz os presos eram e nem a identidade deles. A secretaria não explicou como os presos conseguiram ter acesso ao alojamento dos agentes penitenciários.

Segundo a Sejuc, o preso foi atingido por bala no braço e foi socorrido pelo hospital Walfredo Gurgel. O estado de saúde dele é estável e ele não corre risco de morte. A secretaria não informou se o preso foi atingido por munição comum ou bala de borracha, mas enfatizou que o preso foi atingido no braço porque é uma área não letal.

Túneis

Ainda nesta segunda-feira, policiais militares do Rio Grande do Norte e da Força Nacional de Segurança Pública encontraram um terceiro túnel escavado nos arredores do complexo de Alcaçuz. O túnel descoberto hoje e os dois encontrados nesse domingo (23) estavam saindo do muro do presídio Rogério Coutinho Madruga, mas nenhum preso fugiu.

Os túneis foram descobertos depois que choveu e a área escavada pelos presos desabou. Os presídios de Alcaçuz e Rogério Coutinho Madruga foram construídos em um terreno arenoso, de dunas.

Segundo a polícia, um dos caminhos subterrâneos estava coberto por mato, e não se sabe quem foi responsável pela escavação. "Existe uma pista ao redor de todo o presídio para que as viaturas façam ronda. Com as chuvas de hoje [domingo], a água começou a escorrer, entrou no túnel e parte desabou", contou um policial militar.

Superlotação

A penitenciária de Alcaçuz está superlotada e custodia 1.169 presos num espaço construído para 620 homens. Em Alcaçuz, existem quatro pavilhões com presos das facções PCC (Primeiro Comando da Capital), no pavilhão 3, e Sindicato do Crime do RN, nos 1, 2 e 4.

Já o Presídio Rogério Coutinho Madruga é conhecido como pavilhão 5 de Alcaçuz por ficar vizinho à penitenciária. No Rogério Coutinho Madruga são custodiados 360 presos e não está superlotado. A capacidade da unidade prisional é de 402 presos.