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PM se divide entre buscar fugitivos na mata e esclarecer boatos em Bauru

24.jan.2017 - Presos são recapturados em área rural de Bauru após fuga do Centro de Progressão Penitenciária - Divulgação
24.jan.2017 - Presos são recapturados em área rural de Bauru após fuga do Centro de Progressão Penitenciária Imagem: Divulgação

Wagner Carvalho

Colaboração para o UOL, em Bauru (SP)

24/01/2017 16h16Atualizada em 24/01/2017 19h07

A PM (Polícia Militar) informou na tarde desta terça-feira (24) que a maioria dos presos ainda não recapturados após uma fuga em massa do Centro de Progressão Penitenciária (CPP3) de Bauru (SP) está nas zonas rurais no entorno da cidade.

Ao todo, 152 detentos escaparam do presídio, e até as 18h50, 100 haviam sido encontrados. Segundo o capitão Juliano Loureiro, as buscas continuam em áreas de matagal de Bauru.

Além da procura pelos fugitivos, a PM tenta controlar os boatos que estão sendo espalhados pela cidade. A notícia de uma possível rebelião e da fuga dos detentos colocou a população em alerta e muita gente deixou de circular pelas ruas da Bauru. Na região, as rodovias ficaram com um movimento bem abaixo do normal, já que muitas pessoas procuram evitar o município com a divulgação de diversas notícias sobre o fato, algumas verdadeiras, outras desmentidas de imediato pela imprensa ou pela PM.

Presos são recapturados após fuga em massa em Bauru (SP)

UOL Notícias

O capitão Loureiro, que esteve no local e entrou no CPP3, tem buscado tranquilizar a população de Bauru e região através das emissoras de rádio e TV, desmentindo boatos de saques e assaltos em estabelecimentos comerciais ou invasão a prédios públicos. Ainda de acordo com o capitão, a situação no momento no CPP3 está sob controle.

O tenente-coronel Flávio Kitazume, comandante da PM em Bauru, negou que agentes penitenciários tenham sido feitos reféns. A PM confirma que detentos e policiais militares foram feridos, mas sem gravidade.

Causa da rebelião e destruição

O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários, Gilson Pimentel Barreto, contou que a rebelião teve início depois que um dos presos foi surpreendido usando um telefone celular. "Ele foi flagrado, mas o resto da população [detentos] não aceitou estar pegando preso com o celular. Então, investiram contra os funcionários”, contou.

De acordo com o Sindicato, existem cerca de 1.500 presos no prédio. “Teve uma investida de vários presos contra os funcionários. Eles abandonaram o preso e se retiraram”, afirma.

Os três prédios (pavilhões) do CPP3 foram bastante destruídos. Mobiliários e colchões acabaram incendiados pelos detentos.

Segundo o secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho, a rebelião em Bauru não tem relação com a guerra de facções que tem provocado mortes em penitenciárias pelo país neste início de 2017. "Esse caso em Bauru não guarda qualquer relação com o que esta acontecendo em outros presídios, principalmente no norte do pais", afirmou ele durante coletiva nesta terça-feira na capital paulista.

Sindicato avisou SAP sobre possibilidade de fuga

O Sindicato dos agentes penitenciários afirmou nesta tarde que a fuga seguida de rebelião no CPP3 de Bauru poderia ter sido evitada, caso a SAP tivesse atendido a dois pedidos feitos em outubro de 2016. O primeiro era para que os agentes assumissem a segurança do lado de fora do presídio, e o segundo, para que as contratações - que deveriam ter acontecido em 2013- fossem concretizadas.

"Os agentes passaram momentos terríveis. Os detentos colocaram fogo nas dependências do presídio, mas por sorte ninguém ficou ferido entre nossos agentes", diz o presidente do sindicato Antônio Pereira, que está em Bauru neste momento.