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Secretário de Segurança disse que violência no ES diminuiu com Exército na rua

Nathan Lopes e Paula Bianchi

Do UOL, em São Paulo e Vitória

08/02/2017 10h25Atualizada em 08/02/2017 12h56

O secretário de Segurança do Espírito Santo, André Garcia, afirmou em entrevista coletiva nesta quarta-feira (8) que, no primeiro dia com efetivo militar nas ruas do Espírito Santo, houve queda no número de ocorrências violentas.

Garcia ressalta que, no primeiro com efetivo militar nas ruas, houve queda no número de ocorrências. Até segunda-feira, foram 65 homicídios registrados, sendo 40 apenas no último dia 6. Na terça (7), o total chegava a 75, segundo o Sindipol-ES (Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo). O governo, em nenhum momento até agora, apresentou um levantamento oficial.

"A partir do momento que as Forças Armadas passaram a circular, mesmo com efetivo baixo (250 militares) no primeiro dia, as ocorrências despencaram”, disse o secretário.

No ano passado, segundo o governo capixaba, o Estado teve 1.181 homicídios dolosos, uma média de 3,22 homicídios por dia. Desde sábado, essa média passou para 9,66.

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Responsabilidade

O governo não confirma o número de 87 assassinatos no Estado em cinco dias, divulgado pelo Sindipol-ES, mas credita as mortes aos policiais militares que não estão trabalhando. “Eu coloco na conta do movimento. Todas essas mortes que resultaram nessa tragédia está na conta deles”, diz Garcia.

O governador em exercício do Espírito Santo, César Colnago (PSDB), disse que irá pedir um maior efetivo das Forças Armadas e da Força Nacional para fazer a segurança nas cidades do Estado durante a paralisação dos policiais militares iniciada no último sábado (4).

“Estamos tomando providência para aumentar o efetivo da Força Nacional e das Forças Armadas”, disse Colnaro, que vê a população vivendo em “cárcere privado”.

Atualmente, há 1.200 membros da Força Nacional e das Forças Armadas fazendo patrulhamento no Estado. O governador, porém, diz que o número “não é suficiente”.

Segundo o secretário de Segurança, André Garcia, a ideia é que o apoio oferecido pelo governo federal chegue próximo a 2 mil pessoas. “O efetivo da Polícia Militar é de 10 mil homens. Mas, nas ruas, diariamente, tem de 1,8 mil a 2 mil”.

Apesar da presença do Exército e da Força Nacional nas ruas desde terça (7), pelo terceiro dia consecutivo a maior parte dos lojistas de Vitória e da região metropolitana manteve as portas fechadas e os moradores têm evitado sair.

Entre 7h e 9h30, a reportagem do UOL cruzou com apenas uma equipe do Exército, que policiava a entrada do terminal de trem no município de Curiacica, na região metropolitana de Vitória.

Na segunda-feira (6), a Justiça do Espírito Santo declarou a paralisação dos policiais militares ilegal, mas o governo quer, focar, neste momento, em “retomar a tranquilidade”. “Não poderemos entrar em duas frentes ao mesmo tempo. Temos determinação de retomar a normalidade e garantir a preservação da ordem pública. No segundo plano, fazer prevalecer as ordens judiciais que nós temos."

Diálogo

Nesta pela manhã, cerca de 30 mulheres permaneciam em frente ao quartel onde estão os PMs. Cada entrada conta com uma barraca grande, com colchões e cobertores, e um toldo. Há café, leite, pão, biscoitos, frutas, frios e até uma sanduicheira.

"Se o governador abrir a agenda para a gente hoje e for favorável às nossas pautas, nós vamos sair", afirma uma das mulheres acampadas em frente ao principal quartel de Vitória. As manifestantes aguardam a contraposta do governo.

Segundo elas, um grupo de representantes do movimento irá se reunir com o governo às 14h. Entre as reivindicações dos familiares dos PMs e dos policiais estão a anistia aos policiais que não deixarmos os quartéis, reajuste salarial de 43% e a queda do secretário de Segurança.

"O governo mente, diz que está aberto ao diálogo, mas não é verdade. Nós temos palavra. Se nos receberem, se chegarmos num acordo, iremos sair."

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Entenda a crise no Espírito Santo

No sábado (4), parentes de policiais militares do Espírito Santo montaram acampamento em frente a batalhões da corporação em todo o Estado. Eles reivindicam melhores salários e condições de trabalho para os profissionais.

A Justiça do Espírito Santo declarou ilegal o movimento dos familiares dos PMs. Segundo o desembargador Robson Luiz Albanez, a proibição de saída dos policiais caracteriza uma tentativa de greve por parte deles. A Constituição não permite que militares façam greve. As associações que representam os policiais deverão pagar multa de R$ 100 mil por dia pelo descumprimento da lei.

A ACS-ES (Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Espírito Santo) afirma não ter relação com o movimento. Segundo a associação, os policiais capixabas estão há sete anos sem aumento real, e há três anos não se repõe no salário a perda pela inflação.

A SESP (Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social) contesta as informações passadas pela associação. Segundo a pasta, o governo do Espírito Santo concedeu um reajuste de 38,85% nos últimos 7 anos a todos os militares e a folha de pagamento da corporação teve um acréscimo de 46% nos últimos 5 anos.