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Sem troca de turno desde quinta, situação de UPPs preocupa PM no Rio

Mulheres de policiais militares protestam em frente ao portão da Coordenadoria de Polícia Pacificadora em Ramos - Marcos Arcoverde/Estadão Conteúdo
Mulheres de policiais militares protestam em frente ao portão da Coordenadoria de Polícia Pacificadora em Ramos Imagem: Marcos Arcoverde/Estadão Conteúdo

Pedro Ivo Almeida e Vinicius Castro

Do UOL, no Rio*

10/02/2017 13h23Atualizada em 10/02/2017 14h30

A Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro reforça o discurso de que o patrulhamento nas ruas está normal, apesar de familiares de PMs realizarem protestos na frente de 27 batalhões. De acordo com informações oficiais da corporação, 95% do efetivo está em serviço.

Ainda assim, a PM tem uma preocupação especial: a situação em algumas UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora).

Segundo o UOL apurou, unidades como as situadas nos morros do Borel e da Formiga, na Tijuca, e nas favelas do Jacaré e Manguinhos, todas na zona norte, não tiveram troca de turno desde o final da tarde da última quinta-feira (9).

Boa parte dos policiais dessas UPPs já passam de 18 horas de trabalho. Eles deixariam os postos às 6h desta sexta (10), mas não tiveram qualquer rendição porque os PMs estão aquartelados.

No Comando de Polícia Pacificadora, em Bonsucesso, alguns policiais tentaram cortar as grades que cercam o local para permitir a saída de oficiais, mas as mulheres que organizavam manifestações chegaram a tempo de impedir a movimentação.

Na Tijuca, nenhum policial consegue entrar ou sair. Oficiais que deixaram o plantão da UPP do Morro do Macaco pela manhã não conseguem acessar o quartel para trocar de roupa ou almoçar.

No 6° BPM, apenas policiais no fim da escala de trabalho conseguem deixar a unidade. Ainda assim, precisam comprovar o encerramento do expediente por meio de um documento apresentado na entrada do batalhão aos familiares que organizam a manifestação e bloqueiam o acesso.

Uma tenda foi montada com alimentos, água e suco pelas famílias, que sustentam deixarem o local apenas quando as reivindicações forem atendidas.

Prevista para as 17h, a próxima troca de turno é um ponto de tensão nos batalhões em que as mulheres conseguiram bloquear totalmente a saída. O secretário de Segurança, Roberto Sá, no entanto, minimizou a questão em entrevista coletiva.

“Nós estamos tranquilos em relação a essa troca. Temos estratégias para que isso aconteça. A sociedade pode saber que a Polícia Militar seguirá patrulhando as ruas hoje, amanhã, depois, sempre”, disse.

niterói - Rommel Pinto/Agência O Dia/Estadão Conteúdo - Rommel Pinto/Agência O Dia/Estadão Conteúdo
Familiares de policiais militares do 12º BPM (Niterói) fazem manifestação em prol dos policiais e tentam evitar que viaturas saiam do batalhão
Imagem: Rommel Pinto/Agência O Dia/Estadão Conteúdo

Já a CPP (Coordenadoria de Polícia Pacificadora) informou que "o policiamento nas UPPs não foi afetado e as trocas de turno ocorreram normalmente. O patrulhamento segue sem alteração".

Em nota, a PM diz que "respeita o direito democrático de manifestação pacífica, mas é fundamental que as formas de buscar os nossos direitos não impeçam o ir e vir dos nossos policiais, nem coloquem em risco as nossas vidas, dos nossos familiares e de toda a população".

Entenda o protesto no Rio de Janeiro

O movimento das famílias que protesta em frente aos batalhões reivindica, em nome dos PMs, uma lista de condições para encerrarem o bloqueio. Entre os principais motivos que encabeçam a revolta estão o atraso do 13º salário e do RAS (Regime Adicional de Serviço) das Olimpíadas, que ainda não foram pagos.

O RAS é a hora extra feita a fim de reforçar o efetivo de batalhões, delegacias, quartéis dos bombeiros e unidades prisionais. 

A estratégia de protesto é semelhante a utilizada por familiares de PMs no Espírito Santo desde sábado. Existe uma preocupação de que a onda de protesto no estado capixaba incentive e fortaleça o movimento no Rio durante esta sexta-feira.

*Colaborou Carolina Farias