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Familiares de PMs no ES abrem mão de reajuste: "está nas mãos do governador"

Moradores tiram fotos com os militares que estão trabalhando na segurança da orla da praia de Camburi, em Vitória (ES) - Tânia Rêgo/Agência Brasil
Moradores tiram fotos com os militares que estão trabalhando na segurança da orla da praia de Camburi, em Vitória (ES) Imagem: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Paula Bianchi

Do UOL, no Rio

13/02/2017 19h10Atualizada em 13/02/2017 22h35

Em reunião nesta segunda-feira (13), os familiares dos policiais militares do Espírito Santo e as associações que representam a categoria decidiram desistir do pedido de aumento de 43% e ofereceram encerrar a paralisação, iniciada no sábado (4), em troca da anistia dos militares e de garantias do governo de que o reajuste continuaria sendo negociado. O governo do Estado, no entanto, rejeitou a proposta.

A nova oferta, de acordo com o cabo Thiago Bicalho, diretor social ACS (Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar), foi encaminhada ao governo no fim da tarde desta segunda. “Está nas mãos do governo acabar com a greve”, afirmou Bicalho.

Inicialmente, os familiares dos policiais e os militares que participam do movimento pediam reajuste salarial de 43% o que, segundo eles, equivale as perdas sofridas pelos últimos anos em que a categoria não obteve nenhum reajuste. O governo, no entanto, se recusou a negociar o aumento.

No texto, dirigido ao governador Paulo Hartung, o movimento diz reconhecer “as condições econômicas limitadas do governo estadual” e a crise nacional e promete desobstruir todas as entradas dos batalhões já às 0h desta terça (14) caso as condições sejam atendidas.

Entre os pedidos do movimento estão “a garantia de não-abertura de procedimentos administrativos disciplinares militares para os supostos policiais que possam ter praticado atos associados a manifestação envolvendo o movimento” e “a garantia de não-abertura de eventuais Inquéritos Policiais Militares ou desistência, caso alguma portaria já tenha sido instaurada”.

Na quinta-feira (13), a Secretaria de Segurança informou que ao menos 703 policiais militares do Estado foram indiciados por crime militar e tiveram os pontos cortados.

O movimento pede ainda que seja mantido um canal de diálogo para a negociação de um reajuste de acordo com as possibilidades financeiras do Estado.

Mais tarde, porém, o governo do Estado rejeitou o acordo com os PMs. Os membros da Comissão Permanente de Negociação alegaram que a anistia solicitada aos policiais envolvidos na paralisação seria ilegal e afirmou que os pedidos como auxílio-alimentação e compra de novo fardamento teriam grande impacto financeiro para a economia do Espírito Santo.

Os números da paralisação

Desde o início da paralisação dos policiais, no dia 4, quando familiares de PMs passaram a bloquear a entrada e a saída dos batalhões, mais de 140 homicídios foram registrados no Espírito Santo, segundo números não oficiais, do Sindipol-ES (Sindicato dos Policiais Civis do Espírito Santo). Apenas na última segunda-feira, foram 40 mortes, ainda de acordo com o sindicato.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, 1.192 PMs atenderam ao chamado operacional e foram trabalhar na manhã de hoje, 317 a mais do que foi registrado no mesmo período no domingo. Esse número representa cerca de 12% dos 10 mil policiais que integram o efetivo da Polícia Militar capixaba.

Além dos 1,1 mil PMs, a segurança no Estado é feita também por cerca de 3 mil militares e agentes da Força Nacional de Segurança, que estão em território capixaba desde o início da semana passada, quando o motim de policiais agravou a falta de segurança no Espírito Santo.

Nesta segunda, os capixabas tentam voltar à rotina. Além dos ônibus, as escolas e repartições públicas também retomaram as atividades.