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Frigoríficos e ministério dizem colaborar com investigações sobre corrupção

Material apreendido pela Polícia Federal em Curitiba (PR) na Operação "Carne Fraca" - Rodrigo Félix/Futura Press/Estadão Conteúdo
Material apreendido pela Polícia Federal em Curitiba (PR) na Operação "Carne Fraca" Imagem: Rodrigo Félix/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, no Rio e em São Paulo

17/03/2017 17h17

A operação “Carne Fraca”, deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (17), teve como alvo empresários do agronegócio e fiscais agropecuários federais que integrariam uma organização criminosa em três Estados: Paraná, Minas Gerais e Goiás.

Com foco na venda ilegal de carnes por frigoríficos, a operação buscou cumprir 38 mandados de prisão depois de identificar que “os agentes públicos, utilizando-se do poder fiscalizatório do cargo, mediante pagamento de propina, atuavam para facilitar a produção de alimentos adulterados, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização efetiva".

Entre as empresas investigadas estão a JBS (maior processadora de carne bovina do mundo), a BRF Foods (que surgiu da fusão da Sadia com a Perdigão) e Seara.

Até o momento duas dessas empresas, o ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB-PR), e o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) se pronunciaram sobre a operação. Leia os posicionamentos abaixo:

BRF

Em nota, a BRF informou que está colaborando com as autoridades para o esclarecimento dos fatos e declarou que “cumpre as normas e regulamentos referentes à produção e comercialização de seus produtos, possui rigorosos processos e controles e não compactua com práticas ilícitas”.

"A BRF assegura a qualidade e a segurança de seus produtos e garante que não há nenhum risco para seus consumidores, seja no Brasil ou nos mais de 150 países em que atua”, diz o comunicado.

JBS

A JBS S.A. também optou por divulgar uma nota, direcionada “aos seus acionistas e ao mercado em geral”, informando "que não há nenhuma medida judicial contra os seus executivos". Leia a seguir o resto do comunicado:

"A empresa informa ainda que sua sede não foi alvo dessa operação. A ação deflagrada hoje em diversas empresas localizadas em várias regiões do país, ocorreu também em três unidades produtivas da Companhia, sendo duas delas no Paraná e uma em Goiás.

Na unidade da Lapa (PR) houve uma medida judicial expedida contra um médico veterinário, funcionário da Companhia, cedido ao Ministério da Agricultura.

A JBS e suas subsidiárias atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias em relação à produção e a comercialização de alimentos no país e no exterior e apoia as ações que visam punir o descumprimento de tais normas.

A JBS no Brasil e no mundo adota rigorosos padrões de qualidade, com sistemas, processos e controles que garantem a segurança alimentar e a qualidade de seus produtos.
A companhia destaca ainda que possui diversas certificações emitidas por reconhecidas entidades em todo o mundo que comprovam as boas práticas adotadas na fabricação de seus produtos.

A Companhia repudia veementemente qualquer adoção de práticas relacionadas à adulteração de produtos - seja na produção e/ou comercialização - e se mantém à disposição das autoridades com o melhor interesse em contribuir com o esclarecimento dos fatos”.

Ministro da Justiça

“Se havia alguma dúvida de que o ministro Osmar Serraglio, ao assumir o cargo, interferiria de alguma forma na autonomia do trabalho da Polícia Federal, esse é um exemplo cabal que fala por si só”, diz texto enviado pelo Ministério da Justiça.

“O ministro soube hoje, como um cidadão igual a todos, que teve seu nome citado em uma investigação. A conclusão tanto pelo Ministério Público Federal quanto pelo Juiz Federal é a de que não há qualquer indício de ilegalidade nessa conversa degravada”, completa a nota.

Ministério da Agricultura

Assinado pelo ministro Blairo Maggi (PP-MT), comunicado enviado à imprensa informou que as apurações da PF indicam “um crime contra a população brasileira, que merece ser punido com todo o rigor”. Ele afirmou ainda que determinou o afastamento imediato de todos os envolvidos e a instauração de procedimentos administrativos.

Em licença de dez dias, cancelada por conta da operação, Maggi declarou que “toda a atenção é necessária para separarmos o joio do trigo”. “Muitas ações já foram implementadas para corrigir distorções e combater a corrupção e os desvios de conduta e novas medidas serão tomadas”.

“Todo apoio será dado à PF nas apurações. Minha determinação é tolerância zero com atos irregulares no Mapa”, concluiu.

Não atenderam

A reportagem do UOL ligou para a Peccin Agro Industrial, mas um funcionário da portaria informou que não havia ninguém disponível para prestar esclarecimentos.

O UOL também tentou, pela manhã, entrar em contato com o frigorífico Larissa, de Mauá (SP), mas foi informado que só Paulo Rogério Sposito, dono da empresa, poderia falar. No entanto, ele estava em reunião.

Às 14h58, uma nova ligação foi feita e nos foi informado que Sposito e sua esposa não estavam mais na empresa e que provavelmente não voltariam mais nesta sexta.