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Secretaria encontra túnel de 15 m em presídio palco de massacre em Manaus

Túnel para fuga de presos encontrado dentro de uma cela no Compaj, em Manaus - Divulgação/Seap
Túnel para fuga de presos encontrado dentro de uma cela no Compaj, em Manaus Imagem: Divulgação/Seap

Rosiene Carvalho

Colaboração para o UOL, em Manaus

03/04/2017 20h13

Três meses após o assassinato de 56 presos no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), em Manaus, a Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Amazonas) identificou um túnel de aproximadamente 15 metros de extensão com entrada por uma das celas do presídio. A Secretaria informou que o túnel foi encontrado durante vistoria realizada neste domingo (02), a partir de uma investigação do setor de inteligência, que recebeu a denúncia de tentativa de fuga em massa planejada pelos detentos para esta semana.

O secretário de Estado de Administração Penitenciária, tenente-coronel da Polícia Militar, Cleitman Coelho, afirmou que a suspeita de fuga foi reforçada pela “tranquilidade” na cadeia nos últimos dias. “Estávamos desconfiados porque estava tudo muito calmo. Em presídio, isso é sempre um indicativo de que algo está errado”, disse.

Cleitman Coelho disse que o túnel já estava próximo do muro do Compaj. “Já estava bem próximo [do muro]. [A tentativa de fuga] deveria ser para quarta ou quinta-feira. Encontramos bastante barro, dentro de colchões, dentro da estrutura das camas, em sacos de plástico. E um buraco no chão que tinha uns 15 metros de extensão”, afirmou o secretário.

Túnel de 15 m para fuga de presos encontrado dentro de uma cela no Compaj, em Manaus - Divulgação/Seap - Divulgação/Seap
Túnel tinha cerca de 15 m e teria sido escavado para uma tentativa de fuga dos detentos
Imagem: Divulgação/Seap
De acordo com a Seap, o túnel foi encontrado na cela 9, última da ala 2 do pavilhão 1 do Compaj. Neste pavilhão, informou a secretaria, há 327 internos, estando 163 deles distribuídos nas celas da ala 2. Dados atualizados no dia 30 de março indicam que o Compaj, com capacidade para 454 presos, abriga hoje 1009 detentos no regime fechado.

O secretário afirmou que a cela de onde saía o túnel tem capacidade para oito presos, mas abriga 12. Cleitman Coelho disse que a Seap abriu um procedimento disciplinar administrativo para punição de todos os 12 detentos, que já tiveram visitas e banho de sol suspensos. Além disso, o secretário afirmou que um inquérito policial também será aberto para investigar a tentativa de fuga e o dano ao patrimônio público. “A superlotação é mínima”, avaliou o secretário.

Ele afirmou que a segurança externa do Compaj continua contando com o apoio da Força Nacional, desde o episódio do massacre. A cela foi interditada para que o túnel seja vedado. “Preso do regime fechado pensa em fugir 24 horas por dia”, disse.

No massacre ocorrido no dia 1º de janeiro, durante uma rebelião de mais de 17 horas, a Seap registrou fuga em massa no presídio ao lado do Compaj, o Ipat (Instituto Penal Antônio Trindade), que abriga presos do semiaberto. Na ocasião, o Governo do Amazonas informou que 184 presos fugiram e que a fuga fazia parte de um plano dos detentos para facilitar os assassinatos no Compaj.