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Com salários atrasados e possibilidade de greve, Uerj retoma aulas após 3 meses de paralisação

Uerj suspendeu as atividades em janeiro por conta dos problemas causados pela crise financeira do Estado - Bruna Prado/UOL
Uerj suspendeu as atividades em janeiro por conta dos problemas causados pela crise financeira do Estado Imagem: Bruna Prado/UOL

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

10/04/2017 11h15

A Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) marcou para esta segunda-feira (10) a retomada das aulas após quase três meses de paralisação em razão da crise financeira no Estado. A decisão da reitoria, anunciada na última sexta-feira (7), é contrária ao posicionamento de professores e funcionários da instituição, que estão com três meses de salários atrasados.

Segundo a Asduerj (Associação de Docentes da Uerj), foi marcada uma assembleia para decidir se o reinício das atividades será ou não contestado. A pauta do encontro inclui a possibilidade de um indicativo de greve. "Agendamos essa assembleia para 14h e podemos, sim, votar um indicativo de greve. Está na pauta. Tudo depende do que será discutido", explicou o vice-presidente da Asduerj, Paulo Alentejano.

Por conta do impasse, é provável que nenhuma aula ocorra nesta segunda, segundo afirmou Alentejano. Procurada pelo UOL, a Uerj não soube informar se as salas de aula estavam em funcionamento nesta manhã.

O representante da Asduerj afirmou que a Reitoria também era contrária ao recomeço das atividades, mas que acabou mudando de opinião após a última reunião do Fórum de Diretores. Dos problemas causados pela crise financeira no Rio, apenas a questão da limpeza foi resolvida, afirmou Alentejano.

"Só resolveram a questão da limpeza e da manutenção, mas isso não garante as condições necessárias para retomada das aulas. Professores e funcionários continuam sem receber salários. O 13º salário ainda não foi pago, assim como os meses de fevereiro e março. (...) Não entendemos porque a Reitoria mudou de posição", disse ele.

A Uerj informou que a Reitoria também fará uma reunião hoje para debater o retorno de alunos, professores e funcionários à rotina universitária. Após esse encontro, a instituição deve se posicionar sobre a atual situação da Uerj.

Na sexta passada (7), a direção da Uerj informou, em nota, que a mudança de postura se justificaria pelo avanço no restabelecimento das condições mínimas de limpeza, manutenção de elevadores e segurança e pela "preocupação com o enorme prejuízo que os sucessivos adiamentos vêm impondo aos estudantes". Desde janeiro, as aulas foram adiadas cinco vezes em razão da falta de condições.

Procurada pelo UOL, a Secretaria de Estado de Fazenda reconhecer ainda não ter pago o décimo terceiro e os meses de fevereiro e março. De acordo com a pasta, em relação a fevereiro, o calendário de pagamento deve ser divulgado nesta semana.

"As recentes decisões judiciais e do Tesouro Nacional, de arrestos e bloqueios nas contas do Estado, somadas à frustração nas receitas de tributos, inviabilizaram a divulgação do calendário anteriormente", informou a secretaria, em nota. Já para março ainda não há previsão.

Quanto ao décimo terceiro, o governo informou apenas ter pago aposentados e pensionistas com remuneração bruta de até R$ 3.200, que receberam o abono no dia 20 de março. "Os pagamentos para os demais segue sem previsão de depósito."