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Após suspeita de agressão por enfermeiro, idosa morre em hospital público de SP

Do UOL, em São Paulo

01/05/2017 21h52

Morreu neste domingo (30) Thereza de Jesus Garcia, de 78 anos, que estava internada na UTI do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo. A idosa, que se recuperava de uma cirurgia vascular, teria sido agredida por um enfermeiro no último dia 16 dentro do hospital.

O óbito foi confirmado pelo hospital e pela Secretaria Municipal de Saúde. Em nota divulgada à imprensa nesta segunda-feira (1º), o hospital "lamenta" a morte da idosa, afirmando que isso ocorreu apesar de "todos os esforços da equipe médica" para reverter o quadro clínico geral dela.

A causa da morte, segundo o comunicado, se deu por "complicações pós-cirúrgicas, como insuficiência renal e cardíaca". A nota ainda ressalta que tratava-se de "uma paciente idosa e com doenças preexistentes" que "foi submetida a uma cirurgia arterial de alto risco".

Sobre a suposta agressão feita pelo enfermeiro do hospital, a instituição afirma que "uma sindicância está em andamento para investigar os fatos e o funcionário permanece afastado de suas funções". A nota diz ainda que "o caso também está sendo investigado pelo Conselho Regional de Enfermagem e polícia".

Hematomas no rosto

Em vídeo gravado por um filho de Thereza dentro do hospital, a idosa aparece com hematomas no rosto relatando a agressão. Segundo Thereza, um enfermeiro, chamado por ela de "coreano", bateu nela "até cansar", depois de tê-la xingado de "todo nome".

Hedilaine Aparecida Garcia, filha de Thereza, afirmou que sua mãe foi espancada pelo enfermeiro. "Foram várias agressões, vários puxões de cabelo e não só um tapa. Ela está com o olho roxo, o rosto e o queixo. A gente escuta que ele [o enfermeiro] tem 27 anos de carreira, que é um bom profissional. Mas quem está na UTI, entubado, inconsciente, quem vai reclamar?", questiona.

À época da suposta agressão, o hospital, em nota, disse que, após a troca do plantão, foi constatado por um médico um hematoma no rosto da idosa. “Questionada, a própria paciente relatou que foi agredida por um dos enfermeiros do plantão noturno. Diante da situação a unidade identificou e afastou imediatamente o funcionário".

Ainda de acordo com o Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo, foi a própria instituição que comunicou a família da paciente sobre a agressão, abrindo uma sindicância administrativa para apurar o fato.

A Secretaria Municipal de Saúde, por meio de nota emitida pela assessoria de imprensa, disse, quando se deu o incidente, que "caso [seja] comprovada a agressão, serão tomadas as medidas cabíveis, como advertência, suspensão ou até mesmo exoneração do funcionário". O órgão também informou que "a unidade está elaborando um relatório para notificar o Conselho Regional de Enfermagem (Coren-SP) sobre o ocorrido”.

Um boletim de ocorrência foi registrado no 73º Distrito Policial da capital paulista (Jaçanã). Nele, constam os nomes de todos os enfermeiros que estavam de plantão no hospital na hora da suposta agressão.

À Folha de S.Paulo, o autônomo Edcarlos Garcia, 49, filho de Thereza, disse que "a cirurgia foi um sucesso, mas depois ela foi agredida".

"Ela ficou no quarto achando que o agressor iria entrar a qualquer momento para matá-la", afirmou. Segundo ele, a família vai acionar o hospital na Justiça.