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Estudante agredido por PM em Goiás não corre risco de morte

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

02/05/2017 12h39

O estudante Mateus Ferreira da Silva, 33, que foi agredido por um policial militar em ato durante a greve geral da última sexta-feira em Goiânia, não corre risco de morte. Segundo boletim médico divulgado nesta terça-feira (2) pelo Hugo (Hospital de Urgências de Goiânia), o rapaz apresenta quadro estável, porém ainda grave, e permanece internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) da unidade de saúde.

Ele deu entrada no Hugo após ser agredido pelo capitão da Polícia Militar Augusto Sampaio de Oliveira Neto durante confronto entre manifestantes e PMs, na praça do Bandeirante, quando foi atingido na cabeça. A pancada que o capitão desferiu contra o rapaz foi tão forte que arrancou a capa de borracha que encobre o cassetete.

O protesto em Goiânia começou em frente à Assembleia Legislativa de Goiás, no setor oeste, passou pela praça Cívica, no setor central, e seguiu para a praça do Bandeirante, no centro.

Com o golpe dado pelo PM, Mateus sofreu traumatismo craniano e múltiplas fraturas.

O irmão de Mateus, Natan Barbosa, divulgou um vídeo no final de semana em que fala sobre a ação da PM que resultou na agressão ao estudante. Ele conta que o jovem, que é estudante de Ciências Sociais da UFG (Universidade Federal de Goiás) foi para a manifestação com os amigos e professores e rebateu as declarações de que ele seria black bloc.

“Todo mundo está achando que ele é black bloc, que é de partido. Meu irmão não é de partido, não é de nada. Ele só estava protestando, indo atrás do que acredita. Ele estava com um negócio na cara por causa do spray de pimenta. Quem está em manifestação sabe como é”, disse. “Mesmo se ele fosse um black bloc, não justifica a ação da polícia”, acrescentou.

Estado de saúde do estudante ainda é considerado grave, apesar de estável. Ele foi submetido no sábado (29) a uma cirurgia delicada na face, que durou cerca de quatro horas. Hoje a equipe médica suspendeu a sedação para avaliação neurológica e retirada da ventilação mecânica. O jovem também passou por uma sessão de hemodiálise na segunda (1º).

PM tem histórico de agressão, diz TV

Essa não seria a primeira vez que o capitão Oliveira Neto teria se envolvido em agressão. Segundo reportagem da "TV Globo", consta na ficha do PM o envolvimento em ao menos quatro casos de agressão, incluindo a menores de idade em situação de rua, entre 2008 e 2010. Oliveira Neto nunca foi punido por nenhuma delas.

A Polícia Militar de Goiás decidiu afastar o policial das ruas. Ele sai policiamento ostensivo para se dedicar a atividades administrativas pelo tempo que durar Inquérito Policial Militar instaurado para apurar o caso. A assessoria de imprensa da PM-GO não informou à reportagem os prazos da investigação.