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Após traição, CV orquestrou ataques para retomar morro em área estratégica do Rio

Jose Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo
Imagem: Jose Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo

Paula Bianchi

Do UOL, no Rio

03/05/2017 04h00Atualizada em 03/05/2017 11h20

A fim de tomar uma favela da facção rival TCP (Terceiro Comando Puro) na zona norte do Rio de Janeiro, o Comando Vermelho orquestrou ataques a ônibus em diversas partes da cidade nesta terça-feira (2). Em meio à avenida Brasil e à rodovia Washington Luís, duas das principais vias da capital fluminense, que permitem acesso à Baixada Fluminense, Minas Gerais e São Paulo, e na entrada da zona norte, a favela Cidade Alta, em Cordovil, é considerada pelo tráfico como ponto estratégico.

"A Cidade Alta está em um ponto estratégico para a movimentação na cidade, entre duas grandes rodovias, no começo do 'continente zona norte'", explicou o major Ivan Blaz, porta-voz da Polícia Militar do Rio de Janeiro.
 
Ao menos nove ônibus, segundo a Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio), e dois caminhões foram queimados. Após os ataques, moradores, entre eles, mulheres e crianças, fizeram saques a caminhões. Com bloqueios de trânsito em vias importantes do Rio, a cidade entrou em estágio de atenção.
 
Durante a manhã e a madrugada desta terça, moradores da Cidade Alta ficaram reféns do intenso tiroteio na comunidade. Após a chegada de batalhões da polícia, ao menos dois suspeitos morreram.

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Traficante "virou a casaca"

Segundo o chefe da Polícia Civil do Rio, Carlos Augusto Leba, a Cidade Alta estava sob o comando do CV, mas o chefe da facção "virou a casaca" e passou para o lado do TCP. A mudança de comando aconteceu no final do ano passado. A tentativa de invasão da Cidade Alta contou com a ajuda de comunidades identificadas com o CV, como Borel, Formiga, favelas de Duque de Caxias (Baixada Fluminense), Salgueiro (São Gonçalo), Penha e Vila Cruzeiro.
 
A facção criminosa teria então articulado ataques a partir de presídios de segurança máxima fora do Rio de Janeiro. Para desmobilizar a polícia, que foi acionada por moradores da Cidade Alta, criminosos de favelas identificadas com o CV na Penha, Maré e em Caxias atearam fogo nos coletivos e caminhões.
 
Ao menos três ônibus foram incendiados na rodovia Washington Luís, na altura de Duque de Caxias, e outros quatro em três pontos da avenida Brasil, na zona norte.
 
"As queimas foram uma forma de desviar o foco da policia", afirmou o coronel da PM André Silva.
 
Ao ouvir os tiros de madrugada, moradores entraram em contato com a polícia que cercou o morro. Mais de 5.800 alunos da rede municipal ficaram sem aula nesta terça. A Polícia Militar prendeu 45 suspeitos, além de ter apreendido 32 fuzis, quatro pistolas e onze granadas durante operação na Cidade Alta e Parada de Lucas.