Associação faz café da manhã em apoio a PM que agrediu estudante em GO
A Associação dos Oficiais da Polícia e do Corpo de Bombeiros Militar de Goiás realizou nesta quinta-feira (4) um café da manhã em apoio ao capitão Augusto Sampaio de Oliveira, afastado do policiamento ostensivo após agredir o estudante de Ciências Sociais Mateus Ferreira da Silva, 33.
O jovem recebeu um golpe de cassetete na testa enquanto corria durante confusão entre policiais e manifestantes no ato contra as reformas da Previdência e trabalhista, na última sexta-feira (28), dia da greve geral. Ele sofreu traumatismo craniano e múltiplas fraturas. Mateus está internado em estado grave no Hugo (Hospital de Urgências de Goiânia).
"Nós organizamos esse café da manhã porque o capitão Sampaio está sendo execrado pela imprensa, entidades de direitos humanos, nas redes sociais, sem que as pessoas saibam a realidade sobre o que aconteceu", disse o presidente da associação, o tenente-coronel Alessandri da Rocha Almeida.
Segundo Almeida, o capitão estava cumprindo a sua função sem as condições necessárias para a aplicação do chamado "uso gradativo da força".
"O uso progressivo da força começa com armamento químico [gás lacrimogêneo, por exemplo]. Só no último momento é que o policial encosta em qualquer tipo de manifestante”, declarou. "Só que não tem isso [os equipamentos] para todos os PMs", acrescentou.
Almeida disse ainda que Sampaio tem recebido ameaças de morte pelas redes sociais e que está sendo escoltado por outros PMs. "Ele é um pai de família que saiu de casa para trabalhar. Ele não saiu de casa com vontade de agredir ninguém, estava cumprindo com seu dever de conter as manifestações", disse.
O UOL entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública de Goiás para rebater as críticas feitas pelo presidente da associação, mas ninguém atendeu às ligações.
A Polícia Militar de Goiás afastou Sampaio das ruas. Ele saiu policiamento ostensivo para se dedicar a atividades administrativas pelo tempo que durar Inquérito Policial Militar instaurado para apurar o caso. A assessoria de imprensa da PM-GO não informou à reportagem os prazos da investigação.
Essa não seria a primeira vez que o capitão Oliveira Neto teria se envolvido em agressão. Segundo reportagem da "TV Globo", consta na ficha do PM o envolvimento em ao menos quatro casos de agressão, incluindo a menores de idade em situação de rua, entre 2008 e 2010. Oliveira Neto nunca foi punido por nenhuma delas.
Estudante abriu os olhos
Mateus respondeu aos comandos dos médicos e abriu os olhos nessa quarta-feira (3). Ele estava em coma desde a sexta-feira (28), quando foi agredido pelo PM. Em boletim médico divulgado nesta quinta, o estudante está consciente, mas seu estado, apesar de estável, ainda é considerado grave. Ontem, ele foi diagnosticado com pneumonia e, por isso, a ventilação mecânica foi mantida.
Ele foi transferido da UTI 3 Neurológica Hugo para a UTI 2, que tem infraestrutura capaz de abrigar familiares. Mateus agora pode ser acompanhado diariamente, durante 12 horas, por dois familiares à beira leito.
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