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Jovens usando erva convivem com famílias na Marcha da Maconha em São Paulo

Manifestantes se reúnem no vão livre do Masp, na avenida Paulista, para a Marcha da Maconha - Marivaldo Oliviera/Código 19/Estadão Conteúdo
Manifestantes se reúnem no vão livre do Masp, na avenida Paulista, para a Marcha da Maconha Imagem: Marivaldo Oliviera/Código 19/Estadão Conteúdo

Ricardo Marchesan

Do UOL, em São Paulo

06/05/2017 16h40Atualizada em 06/05/2017 19h00

Reivindicando a legalização do uso da erva para fins recreativos e medicinais, a Marcha da Maconha reuniu milhares de pessoas na avenida Paulista, em São Paulo, neste sábado (6).

As pessoas começaram a se reunir no início da tarde, no vão livre do Masp. Por volta das 16h30, o grupo iniciou uma passeata pela avenida Paulista, no sentido Brigadeiro, indo pela avenida Brigadeiro Luís Antônio e seguiu em direção à Praça da Sé. Durante a caminhada, o trânsito foi bloqueado ao longo do trajeto em um sentido da via.

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Homem fuma maconha durante Marcha na avenida Paulista
Imagem: Leonardo Benassatto/Frame Photo/Estadão Conteúdo

Apesar de a maioria dos participantes ser jovem, algumas famílias levaram crianças, idosos e animais, formando um clima pacífico.

Muitos fumavam maconha no local, mas não eram abordados por policiais, que acompanhavam do outro lado da avenida.

A organização do evento afirma que espera ao menos o mesmo número de pessoas do ano passado, quando 40 mil pessoas participaram, segundo seus cálculos. Rebeca Lerer, uma das organizadoras, afirma que no ano passado cerca de 12 mil pessoas confirmaram presença no evento pelo Facebook, e que neste ano o número subiu para 20 mil.

A Polícia Militar informou que não fará estimativa de público do ato.

Cidinha de Carvalho, 49 é bancária e ativista dá associação Cultive Seus Direitos, que luta pelo direito ao cultivo e pesquisa da maconha e o fim da "guerra contra as drogas".

Ela conta que a associação é formada por três famílias que tem salvo conduto para cultivar maconha para fins medicinais. Sua filha, Clarian, 13, tem síndrome de dravet, um tipo de epilepsia, e, segundo a bancária, a maconha "diminui 80% das crises", entre outros benefícios.

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Cidinha e Fábio Carvalho (de roxo), com a filha Mirian, e o tio Fúlvio (de vermelho)
Imagem: Ricardo Marchesan/UOL

A professora universitária aposentada Marina (que preferiu não dizer seu sobrenome), de 72 anos, conta que também fez uso da maconha para fins medicinais, quando se tratava de um câncer de mama, e diz que a ajudava a dormir e comer. Ela diz, porém, que já usava a maconha como recreação "desde muito mocinha". Apesar de dizer que sempre militou pela causa, afirma que é a primeira vez que participa da marcha, porque não teve oportunidade em outros anos. Ela foi acompanhada pelo filho, Davi, de 49 anos, que diz que não usa maconha, mas apoia a causa.

A marcha deste ano também foi influenciada pela crise política brasileira. O grito de "Fora, Temer" foi entoado em determinado momento por grande parte dos presentes. 

Por volta das 19h, o ato foi encerrado na praça da Sé.