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Moradores do Rio sofrem 1 roubo ou furto a cada 2 minutos

Alexandre Vieira/Agência O Dia /Estadão Conteúdo
Imagem: Alexandre Vieira/Agência O Dia /Estadão Conteúdo

Paula Bianchi

Do UOL, no Rio

13/05/2017 04h00

A escalada de violência que tem assustado cariocas e fluminenses nas últimas semanas reflete-se também nos índices de criminalidade no Estado. Entre janeiro e março, dado mais recente compilado pelo ISP (Instituto de Segurança Pública), ocorreram, em média, um roubo ou furto a cada dois minutos.

Ao todo, foram registradas 72.937 ocorrências, número que o próprio ISP reconhece que poderia ser ainda maior. Com a greve da Polícia Civil, iniciada em janeiro passado, apenas casos mais graves têm sido registrados nas delegacias, causando o que o instituto definiu como uma “ atípica subnotificação de determinados delitos”, entre eles roubos e furtos.

Ainda assim, os casos registrados nos três primeiros meses do ano representam 19,3% do total de 378.114 roubos e furtos ocorridos em todo o ano de 2016.

Os indicadores englobam tanto os chamados roubos de rua (roubos em coletivos, a pedestres e de celular) quanto os roubos a veículos, de carga, bancos, caixas eletrônicos, residências, estabelecimentos comerciais e os furtos em geral.

No último domingo (7), cerca de 300 moradores de Vila Isabel, zona norte, fizeram uma caminhada pedindo paz e em protesto pelo crescente número de assaltos na região. Morador do bairro vizinho da Tijuca e criador da página de Facebook Alerta Grande Tijuca, em que moradores trocam informações sobre assaltos e ocorrências na região, criando uma “mancha criminal informal”, o policial Cláudio Rocha, 50, diz ter visto a criminalidade crescer dia a dia no bairro.

“Meu filho de 15 anos não faz metade das coisas que eu fazia na idade dele. Você vê as pessoas assustadas, sempre andando preocupadas. Na sexta e no sábado à noite, até mesmo o movimento de carros nas ruas depois das 22h é menor”, diz ao contar que a filha foi assaltada quando chegava em casa, de Cabify (serviço de carro particular por aplicativo), há três semanas.

Moradora do Grajaú, também na zona norte, a produtora Alessandra Regondi teve o carro roubado há poucas semanas. Os criminosos a renderam enquanto ela e outros vizinhos descarregavam compras do carro. “Eu só vi o dedo do garotinho, tentando engatilhar”, diz.

O grupo chegou a procurar a Polícia Civil para pedir mais segurança para o bairro e também está organizando uma manifestação contra o crescimento da violência no bairro. “Temos poucos PMs para dar conta de toda a região. Ficamos até com pena deles – estão com os equipamentos defasados, com pouca gente no batalhão”, diz.

Para o cientista político e pesquisador do Laboratório da Análise da Violência da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) João Trajano Sento-Sé, esses índices já apresentavam crescimento nos últimos anos e se agravaram em decorrência da crise no Estado.

“A associação da crise financeira com a crise no Estado e todas as suas implicações na segurança pública acabam somando-se a fatores mais perenes como a estrutura social muito desigual e o apelo a bens de consumo muito acentuado”, afirma o cientista político.

À parte a subnotificação causada pela greve de policiais civis, Sento-Sé lembra que furtos e roubos já sofrem com o que chamou de "falta de registro histórica" --no geral, diz, as pessoas registram mais casos de roubos a carros e celulares que envolvem a recuperação de seguro.

Nesta semana, a Polícia Civil fez uma operação para prender uma quadrilha que assaltava turistas em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro. Imagens feitas pelos policiais mostram os assaltantes abordando as vítimas na praia a pé e de bicicleta (assista ao vídeo abaixo).

A Secretaria de Segurança Pública informou, em nota, que “tem como prioridade a preservação da vida, a convivência pacífica e a redução de índices de criminalidade no Estado”, e que trabalha para diminuir os índices de criminalidade.

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