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Em defesa do Estado laico e apoio às "Diretas Já", Parada Gay atrai multidão em SP

André Carvalho

Do UOL, em São Paulo

18/06/2017 13h19Atualizada em 18/06/2017 22h27

Com a temática da defesa do Estado laico, críticas à atuação da bancada evangélica no Congresso e apoio às "Diretas Já", a 21ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo teve início por volta de 12h deste domingo (18), na avenida Paulista. O público foi estimado pela organização em 3 milhões de pessoas.

Sob o lema "Independente de nossas crenças, nenhuma religião é lei. Todos e todas por um Estado laico", a Paulista já mobilizava a multidão logo no início do evento. Famílias com crianças, jovens e veteranos de outras Paradas dividiam espaço na tradicional via paulistana, palco do ato há mais de duas décadas.

Para Nelson Matias, sócio-fundador da ONG Associação da Parada do Orgulho LGBT, organizadora do evento, a hora é de festejar, "mas também reivindicar nossos direitos". "Estamos aqui em nome do amor, da tolerância e da diversidade", diz.

Ele explica que a temática da defesa do Estado laico foi escolhida por abranger não só a causa LGBT, mas também os direitos das mulheres e de outras religiões de matrizes africanas, ameaçadas pelo "fundamentalismo" no qual, segundo ele, é calçada a atuação da bancada evangélica no Congresso.

Nelson Matias, um dos organizadores da Parada Gay 2017 - André Carvalho/UOL - André Carvalho/UOL
Nelson Matias, um dos organizadores da Parada Gay 2017
Imagem: André Carvalho/UOL

"A religião não pode ocupar o espaço do Estado. Não podemos deixar que uma teocracia se instale no país", diz Matias.

Ele cita o projeto de lei que criminaliza a homofobia, emperrada há 16 anos no Congresso, como um exemplo de atuação da bancada evangélica que atinge frontalmente as lutas por direitos da comunidade LGBT.

O Estatuto da Família e a retirada da discussão de gênero no Plano Nacional de Educação também são considerados por Matias retrocessos avalizados pelos parlamentares evangélicos em Brasília. "Os direitos foram conquistados através do Judiciário, mas o Legislativo quer criar leis para anular essas conquistas", diz.

Com a ausência do prefeito João Doria (PSDB), a prefeitura, que investiu R$ 1,4 milhão na estrutura do evento, foi representada pelo vice, Bruno Covas. Doria viajou para Porto Rico para comemorar o aniversário de 15 anos da filha.

"Há duas grandes razões para isso [o investimento]", disse Covas. "A primeira é mostrar que São Paulo respeita a diversidade e também que a cidade está creditada para receber um evento como esse. É uma alternativa para gerar emprego e renda para a nossa população."

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A estudante Natasha Ferreira distribui leques com o lema "Diretas Já" durante a Parada Gay 2017
Imagem: André Carvalho/UOL

"Fora, Temer" e "Diretas, Já"

Matias afirma que as bandeiras "Fora Temer" e "Diretas Já" estarão presentes em discursos realizados nos 19 trios elétricos que ocupam a Paulista.

"Nossos direitos estão sob ameaça com este governo golpista", afirma ele, que critica a passividade dos brasileiros na luta contra o que ele chamou de retrocesso. "Estamos deitados em berço esplêndido, vendo tudo acontecer".

Para ele, a retirada pelo MEC (Ministério da Educação) da homofobia da lista de preconceitos a serem combatidos na educação mostra a força da bancada evangélica junto ao governo Temer.

Shows

Os shows das cantoras Daniela Mercury e Anitta são as grandes atrações musicais da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo. O ato, que tem início na avenida Paulista, segue pela rua da Consolação e se encerra no Vale do Anhangabaú.

Fafá de Belém e Tulipa Ruiz também fazem parte da programação.

Dezenove trios elétricos desfilam neste domingo.