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Geração que nasceu depois da 1ª Parada Gay de SP se torna maioria no evento

André Carvalho

Do UOL, em São Paulo

18/06/2017 15h15Atualizada em 18/06/2017 22h28

Vinte anos depois da primeira Parada Gay de São Paulo, que reuniu cerca de 2.000 pessoas na avenida Paulista, uma nova geração de militantes da causa LGBT se formou e se faz presente nas ruas. Mais ativos e posicionados, são a maioria entre as cerca de 3 milhões de pessoas que, segundo a organização do evento, ocupam a Paulista nesta tarde ensolarada de domingo (18). A Polícia Militar diz que não fará estimativa do público presente.

Acompanhada de duas amigas, Victoria Volpi tem apenas 15 anos e está presente na Parada pela primeira vez.

Questionada sobre sua orientação sexual, Victoria afirmou ser pansexual, definição que nos idos de 1997, data da primeira Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, talvez ainda não fosse tão comum de se escutar.

Para ela, a sociedade, "a cada ano, está mais consciente" em relação aos direitos da classe LGBT.

Ela afirma, no entanto, que "ainda precisamos melhorar muito, não só no Brasil", diz.

Ela cita os casos de homossexuais presos e torturados na Tchetchênia, que integra a Federação Russa, como exemplo de local onde a comunidade LGBT ainda é fortemente discriminada.

Apesar da pouca idade, Victoria se mostra antenada com a realidade social que a cerca. Para ela, não basta conquistar direitos, "é preciso preservá-los".

Ela também acredita que as pessoas devem parar de ficar "rotulando" os outros por conta da orientação sexual delas. "Antes de tudo, somos seres humanos", afirma.

O advogado Sérgio Leal - André Carvalho/UOL - André Carvalho/UOL
O advogado Sérgio Leal (à esquerda) participa da Parada Gay de São Paulo desde 2000
Imagem: André Carvalho/UOL

Diferentes gerações, uma só causa

Sérgio Leal, advogado de 61 anos, é homossexual e participa da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo desde a quarta edição, ocorrida no ano 2000.

Ele vê grandes mudanças ocorridas no evento ao longo dos últimos anos: além de muito maior, ele vê uma participação cada vez mais atuante da juventude.

"Hoje, vemos muito mais jovens. Eles são mais engajados, mais liberados e mais felizes", diz.

O advogado crê que os jovens de hoje têm uma liberdade para viver como realmente se reconhecem que a sua geração não tinha.

"Eles vivem a realidade deles com mais liberdade do que nós tínhamos. São mais corajosos e mais posicionados em relação às causas LGBT. Eles lutam mais pelos nossos direitos", afirma o advogado, presente à Parada com outros dois amigos.