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Polícia usa gás de pimenta durante protesto de alunos em escola de SP

Patrick Mesquita

Colaboração para o UOL

21/06/2017 18h50

A Polícia Militar de São Paulo utilizou gás de pimenta durante um protesto de estudantes na Escola Estadual Romeu Moraes, na Lapa, Zona Oeste da capital. O caso aconteceu nesta terça-feira (20). Um vídeo feito pelos adolescentes mostra a ação da PM. O motivo da manifestação foi uma decisão do colégio em fechar duas salas.

Nas imagens, os alunos aparecem em frente a escola segurando cartazes. É possível notar uma viatura estacionada próxima aos alunos. Em determinado momento, os policiais usam o spray para liberar a via, o que gera a revolta dos alunos.

"Decidimos fazer um protesto. Somos contra pelos inúmeros problemas que serão causados. Decidimos fechar a rua por 10 minutos. Os ônibus passavam normalmente. Uma mulher quase passou por cima. A polícia chegou e pediu para sairmos. Quando viramos as costas, eles usaram o spray. Atingiu várias crianças que esperavam para entrar na escola. Tinha policial que tentou prender celular e tudo mais", conta uma aluna que prefere não ser identificada.

O protesto foi motivado pelo fechamento de duas salas. De acordo com os alunos, a escola alega baixo número de pessoas por classe. No entanto, os adolescentes alegam que as demais turmas ficaram superlotadas, o que prejudicaria o andamento das aulas.

"Hoje, nós, alunos da Escola Estadual Romeu de Moraes, fizemos uma manifestação, pois querem fechar duas salas: (6ºC e 3ºD). O argumento usado para essa atitude é que existem poucos alunos, com isso, juntariam os alunos dessas salas com as outras, causando uma superlotação nas aulas. Sem contar que alguns dos professores do 3ºD não são os mesmos que o restante dos terceiros anos, isso vai prejudicar ambas as salas, pois cada turma tem o seu ritmo e juntando os alunos alguns professores podem atrasar o conteúdo para a classe seguir junto. Também prejudicaria professores, que perderão uma turma para dar aula", postou outra aluna no Facebook.

Em contato com a reportagem, a Secretaria Estadual de Educação negou que as salas ficarão superlotadas e afirmou que a decisão foi tomada porque alunos pediram transferência para outras escolas, o que exigiu uma readequação semestral, dentro da lei.

"Do primeiro ao quinto ano, são 30 alunos por sala. Do sexto ao nono, 35, e colegial 40. Nenhuma sala ficará com mais alunos do que isso", informou a assessoria de imprensa da secretaria.

Em resposta ao UOL Notícias, a PM informou que os alunos deveriam ter avisado com antecedência a realização do ato por medidas de segurança e que os policiais agiram para tirar os alunos de uma situação de risco no meio da rua. Um inquérito, no entanto, será aberto para apurar a conduta dos agentes.

Leia o comunicado na íntegra:

A Polícia Militar informa que nesta terça-feira (20) foi acionada para atender uma ocorrência de manifestação com obstrução de via, em frente a uma escola estadual, na zona leste de São Paulo.

No local, os manifestantes foram orientados sobre a necessidade prévia de comunicação para que o ato fosse realizado com segurança e que não podiam travar o tráfego. A maioria dos presentes se retirou para a calçada. No entanto, cerca de 15 estudantes permaneceram em situação de risco. Eles chegaram a entrar na frente de um carro preto. Para evitar acidentes, policiais fizeram uso do gás de pimenta, o que dispersou os manifestantes.

No local, os PMs conversaram com alguns dos responsáveis pelos alunos e da direção da escola, que não quiseram realizar boletim de ocorrência. A PM irá instaurar investigação preliminar para apurar a conduta dos policiais.