Cidade do CE tem mais da metade dos vereadores presos por suspeita de contratar fantasmas
A cidade de Itarema, no litoral norte do Ceará, acordou nesta quarta-feira com uma grande operação do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), que levou para a cadeira oito dos 13 vereadores do município. Os cinco que sobraram também estão sendo investigados e suas casas, como as dos demais, foram alvos de mandados de busca a apreensão.
A investigação da promotora de Justiça de Itarema, Mayara Menezes Munis, e do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO) identificou que 20 dos 39 funcionários da Câmara Municipal da cidade são "fantasmas". O esquema, de acordo com o MPCE, existe desde 2006.
Em abril, o prédio da Câmara já havia sido alvo de um mandado de busca e operação na primeira fase da Operação Fantasma, que investiga os crimes de estelionato, falsidade ideológica, falsidade de documento particular e peculato no legislativo de Itarema. Já nesta quarta-feira, na segunda fase da operação, foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão, 32 de condução coercitiva e nove de prisão preventiva.
Foram detidos os vereadores João Vildes da Silveira (PDT), Magno César Gomes Vasconcelos (PDT), Leandro Oliveira Couto (Nando Couto, do PDT), José Ubideci dos Santos Santana (Zezinho, do PRB), João Gomes da Costa (PDT), Daniela Souza de Matos (PRB), Roberto Diniz Costa (Robertinho do Pixica, do PP) e José Everardo Marques Alves (Dadá, do PSD).
A maior parte deles foi eleito na mesma coligação do prefeito Elizeu Monteiro (PDT), sendo que Vildes (presidente), Magno (vice), João Gomes (1º secretário) e Roberto (2º secretário) formavam a mesa diretora da Câmara. No mesmo despacho que determinou a prisão preventiva, a Justiça do Ceará ainda afastou todos os oito vereadores de seus mandatos. Agora, os cinco vereadores que restaram devem eleger uma nova mesa, que deve convocar os suplentes.
As investigações apontaram que 20 pessoas contratadas pela Câmara Municipal recebiam salários sem comparecer ao prédio do legislativo municipal. Alguns desses fantasmas eram obrigados a repassar parte de seus vencimentos aos vereadores, enquanto outros prestavam serviços sem nenhum vínculo formal com a Câmara, geralmente para mascarar a existência de nepotismo. Os parentes dos vereadores trabalhavam na Câmara e recebiam o salário a partir do uso de "laranjas".
Por conta disso, a diretora de Recursos Humanos da Câmara dos Vereadores, Maria José Carneiro Rios, também foi detida. Jorge Cleuto (PT), vereador de Amontada, cidade vizinha, também está sendo investigado por relação com o esquema. Além disso, os policiais cumpriram mandados de busca em apreensão em Cruz e Morrinhos, outras cidades próximas.
No início da tarde desta terça-feira, a reportagem do UOL tentou falar com os promotores do Ministério Público Estadual do Ceará, mas eles estavam ouvindo os vereadores. Na Câmara Municipal, ninguém atendeu.
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