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Greve foi expressiva, mas medo de demissão prejudicou adesão, diz Boulos

Bruno Thadeu

Do UOL, em São Paulo

30/06/2017 15h44Atualizada em 30/06/2017 16h39

Coordenador nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos, disse que considerou expressiva a mobilização de centrais sindicais na greve ocorrida nesta sexta-feira (30) em diversas capitais do país. Em entrevista ao jornalista e blogueiro do UOL Leonardo Sakamoto, Boulos afirmou que a adesão de trabalhadores só não foi maior devido ao receio de perderem o emprego.

"O problema é que estamos em um período brutal de desemprego. As pessoas estão com medo de serem demitidas, de serem achacadas por patrões”, disse o coordenador do MTST.

Dados divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), apontam que desemprego no país foi de 13,3%, em média, no trimestre de março a maio. No período, o número de desempregados no Brasil foi de 13,8 milhões de pessoas.

A mobilização de hoje foi contra as reformas da Previdência e trabalhista do governo do presidente Michel Temer (PMDB). Inicialmente, as centrais sindicais previam fazer uma greve geral, mas o movimento perdeu força nos últimos dias e apenas algumas categorias aderiram ao movimento. Os manifestantes também pedem a saída de Temer da Presidência. Além das centrais, movimentos sociais também participaram dos atos.

Greve é marcada por bloqueios de vias

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Boulos disse ainda que a baixa adesão de trabalhadores do transporte público à greve enfraqueceu o movimento de hoje. Poucas capitais pararam totalmente o transporte, entre elas Belo Horizonte e Brasília. Já em São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, o transporte funcionou normalmente.

"Se ela [pessoa] chega e o transporte está aberto...às vezes, o cara quer fazer greve, mas não tem o argumento para fazer greve e pode ser demitido. O trabalhador do setor privado, evidentemente, tem esse risco maior. E o fato de o cara não fazer greve, não quer dizer que ele não apoia a greve”, disse Boulos.

Sobre a recusa dos metroviários paulistanos em aderir à greve desta sexta, Boulos comentou: “Os metroviários são combativos, mas ficaram isolados. Houve menor unidade das centrais, o que eu considero lamentável.”

Boulos também comparou a adesão de hoje com a greve do dia 28 de abril, considera a maior dos últimos anos no Brasil. “Primeiro temos que considerar que 28 de abril foi a maior da história recente do país. O patamar estava lá em cima, mas nesta sexta houve atos unificados em várias capitais. É um grito expressivo de milhares contra essa reforma trabalhista e exigindo a saída do Michel Temer”.