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Leilão de famosos para vítimas do desastre de Mariana (MG) arrecada R$ 7.955

Carlos Eduardo Cherem

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

21/07/2017 16h53Atualizada em 21/07/2017 18h12

O leilão de 23 artigos doados por famosos para as vítimas da tragédia de Mariana (MG), feito pela internet, encerrou-se na noite desta quinta-feira (20) com a arrecadação de R$ 7.955. Uma camisa da seleção brasileira de futebol masculino, utilizada e autografada pelo jogador Zico na Copa do Mundo de 1982, foi o item que recebeu o maior número de ofertas, com 17, foi vendida por R$ 2.550. Um relógio da marca Marc Coblen, doado pelo apresentador da Rede Globo Fausto Silva alcançou R$ 1.485, com 12 lances.

Um avental manchado de comida, usado por participantes não identificados do programa MasterChef, da Band, tinha lance inicial de R$ 50, mas não recebeu nenhuma oferta. Foi o único. Pelo menos um interessado deu lance para os outros 22 artigos. A cantora Fernanda Takai doou a maior quantidade de itens leiloados: oito artigos, entre CDs, disco de vinil e livros, que tiveram ofertas que variaram entre R$ 50 e R$ 75.

Leilão foi "justo", diz vítima da tragédia

“Foi justo. Foi um bom leilão. Vamos fazer projetos para as comunidades com esse dinheiro”, afirmou nesta sexta-feira (20) o vice-presidente da Associação dos Moradores de Bento Rodrigues, Antônio Marcos de Souza, um dos atingidos pelo desastre.

Bento Rodrigues foi o primeiro povoado atingido pela tragédia. O distrito de Mariana (MG) foi devastado pela lama de minério de ferro que escoou da barragem da mineradora Samarco em novembro de 2015, na maior tragédia ambiental do país.

O acidente matou 19 pessoas e atingiu diversos municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo.

Foram liberados mais de 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos da barragem da Samarco, que provocaram devastação da vegetação nativa e poluição da bacia do Rio Doce.

Os objetos doados pelas celebridades vão beneficiar seis distritos de Mariana atingidos pelo desastre da Samarco: além de Bento Rodrigues, Paracatu, Campinas, Ponte do Gama, Pedras e Camargos. As áreas reúnem 1.500 pessoas.

“Não vou comentar sobre o leilão. Ele está vinculado a um processo que eu mesmo ajuizei, por isso não posso falar. Temos de ter cautela. Alguém pode questionar o seu resultado. Pode falar, por exemplo, que tentou comprar um objeto e não conseguiu. Vamos aguardar”, afirmou nesta sexta-feira (21) o promotor de Justiça de Mariana, Guilherme de Sá Meneghin.

Primeira tentativa fracassou

O leilão dos objetos havia sido anunciado pela Prefeitura de Mariana, logo após a tragédia. Passados seis meses, porém, sem que nenhuma iniciativa tivesse sido tomada, a prefeitura foi questionada sobre o destino dos artigos recebidos. A prefeitura entregou então as doações diretamente à comissão dos atingidos, que procurou promotor de Justiça de Mariana em busca de orientação sobre o que fazer.

Como os atingidos não tinham condições de garantir a segurança dos objetos, Meneghin ajuizou uma ação civil pública e obteve uma liminar obrigando a prefeitura a recolher os objetos, que ficou sobre sua guarda e conservação. A Prefeitura de Mariana não comentou o resultado do leilão.

Em uma audiência realizada em agosto de 2016 foi celebrado acordo no qual o município se comprometeu a fazer o leilão e depositar os recursos arrecadados em juízo.

Uma primeira tentativa de leiloar os objetos ocorreu em dezembro do ano passado, de forma presencial, no Centro de Convenções de Mariana, mas ninguém compareceu. Com isso, a prefeitura contratou a empresa de leilões para executar o serviço.