Topo

Passageiros relatam "caos" e descaso até com deficientes em voo cancelado de NY a SP

Garoto dorme no chão do aeroporto após voo de NY para SP ser cancelado; ele passou mal devido ao calor dentro da aeronave e descansou no chão até os passageiros serem deslocados para hotel - Reprodução/Twitter
Garoto dorme no chão do aeroporto após voo de NY para SP ser cancelado; ele passou mal devido ao calor dentro da aeronave e descansou no chão até os passageiros serem deslocados para hotel Imagem: Reprodução/Twitter

Matheus Collaço

Colaboração para o UOL

21/07/2017 16h14

Caos, atrasos e desrespeito. Estes foram apenas alguns dos problemas que passageiros relataram ao tentar retornar ao Brasil na última terça-feira (18) em voo da companhia aérea LATAM. O voo partiria do aeroporto internacional John F. Kennedy, em Nova York, nos Estados Unidos, às 19h, com destino ao aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo, mas só decolou na manhã do dia seguinte, resultando em uma série de problemas.

Tudo começou bem, com a entrada dos cerca de 300 passageiros na aeronave. Porém, os problemas começaram rapidamente. Cerca de uma hora após o embarque, o avião ainda não havia partido, obrigado às pessoas a permanecerem sentadas mesmo com o ar-condicionado desligado. Quando a situação já não era mais suportável, os integrantes da equipe de bordo autorizaram o desembarque, afirmando que a nave precisaria passar por manutenção.

De volta ao saguão, teve início o ‘show de horror’, de acordo com os relatos de passageiros. Falta de comunicação, dificuldade na obtenção de alimentos, cansaço e descaso com deficientes físicos foram acontecendo em sequência, até que o grupo fosse levado para um hotel, a cerca de 72km do aeroporto.

“Estava com meu filho de oito anos, que já estava começando a passar mal dentro do avião, e minha mãe, que tem artrose”, revela Adriana Souza Campos, umas das passageiras do voo. Ele chegou a dormir no chão do aeroporto. “A temperatura estava muito alta lá dentro, com o ar condicionado desligado. Eles não deixavam a gente desembarcar, o que aconteceu só depois de uma hora. No saguão, disseram que resolveriam o problema mecânico e voltaríamos para o avião. Após isso, não tivemos mais informação nenhuma e só fomos receber alguma ajuda por volta das 23h, que foi o momento em que nos deram um voucher para alimentação”.

Porém, os problemas estavam longe de acabar. Confirmado o adiamento do voo para a manhã seguinte, Adriana e os outros passageiros foram encaminhados para uma van, que faria o translado do aeroporto até o hotel. Aí, mais uma surpresa: o destino ficava a cerca de 72km.

Foi neste momento que mais um incidente ocorreu, desta vez com os quatro deficientes físicos que fariam a viagem. “Nós chegamos ao hotel perto da uma da manhã. Quando foi seis horas, nos ligaram nos quartos para que voltássemos ao aeroporto para, enfim, podermos viajar. Foi aí que eu descobri, ao falar com algumas pessoas, que os quatro cadeirantes tinham sido esquecidos na noite passada. Só lembraram deles quando os outros já estavam no hotel. Quer dizer, o que deveria ser prioridade, deixou de ser”, revela Adriana.

Por fim, após nova dificuldade no retorno ao aeroporto, uma vez que a companhia aérea tentou convencer alguns dos passageiros a enfrentarem os 72km de viagem de pé dentro da van que faria o transporte, todos puderam entrar no avião, de modelo diferente, para enfim retornar a São Paulo. Porém, não sem antes encarar um novo atraso: a saída, prevista para às 12h, só ocorreu às 13h30.

“Chegando em São Paulo, cerca de 23h40, tive que dormir na cidade, pois perdi a conexão que deveria ter feito. Sinto que fomos tratados como boiada. Já estávamos exaustos e tivemos que encara uma fila quilométrica para conseguir um voucher para o hotel. Para piorar, disseram que o local era longe do aeroporto. Então, peguei um lugar mais próximo, pois achei desumano fazer eles passarem por isso. Foi um caos”, finalizou.

Outro problema foi relativo a bagagens. Passageiros chegaram a São Paulo sem suas bagagens, que foram colocadas em um voo da American Airlines - com expectativa de chegada apenas para sábado.

Posicionamento da companhia

Em contato com a reportagem do UOL, a assessoria de imprensa da LATAM não deu maiores explicações sobre o caso, afirmando apenas que o voo realmente sofreu cancelamento e foi realizado um dia após o previsto inicialmente. Além disso, esclareceu que a companhia prestou assistência a todos os passageiros e que todas as decisões tomadas visaram garantir uma operação segura.

Veja, na íntegra, o comunicado da LATAM:

A LATAM Airlines Brasil informa que, em virtude de manutenção corretiva, o voo JJ8081 (Nova York - São Paulo/Guarulhos), de 18 de julho, foi cancelado. O voo foi reprogramado sob o número JJ9681, que decolou às 13h35 de 19 de julho, pousando na capital paulista às 23h42.
A LATAM lamenta o ocorrido e esclarece que prestou assistência aos passageiros. A companhia reitera que a segurança é um valor imprescindível e, sobretudo, todas as suas decisões visam garantir uma operação segura.