Do Alemão a Copacabana: ranking revela os 10 bairros com mais tiroteios do Rio
Em um ano, o Rio de Janeiro registrou ao menos 3.829 tiroteios -- uma média de 319 trocas de tiros por mês. Os dados foram levantados em um ranking do aplicativo Fogo Cruzado, iniciativa da Anistia Internacional, e mostram ainda um total de 706 mortos, entre eles 120 policiais, e 976 feridos.
No ranking realizado pelo aplicativo, há também os bairros com o maior número de ocorrências – oito deles contam com Unidades de Polícia Pacificadora.
Em primeiro lugar aparece o Complexo do Alemão, na zona norte da cidade, com ao menos uma troca de tiros a cada um dia e meio. Ao todo o local, ocupado pelo Exército em 2010 e com uma UPP desde 2012, teve 225 notificações de tiroteios e 38 vítimas fatais.
Em seguida aparecem os bairros da Penha, vizinho ao Alemão, com 200 notificações e 25 mortos, e a favela Cidade de Deus, na zona oeste, com 169 notificações e 23 mortos.
Atrás no número de tiroteios registrados – 126, ao todo --, o bairro da Tijuca, na zona norte, se destaca pelo grande número de pessoas que morreram em decorrência dos tiroteios. Ao todo, foram registradas 32 vítimas fatais no bairro.
Único bairro da zona sul entre os listados, Copacabana, que aparece em 4º lugar com 150 notificações, chama atenção pelo local onde as trocas de tiros aconteceram – a maior parte nas favelas da região.
Para a pesquisadora e gestora de dados do Fogo Cruzado, Cecília Olliveira, é urgente rever a política de segurança no Estado. “Oito dos dez bairros com mais ocorrências têm UPPs. Há de se questionar o modelo de segurança em que a gente tem investido, principalmente agora, com o Estado em crise”, afirma.
UPPs
Com 38 unidades em diferentes comunidades da cidade, o programa das UPPs tem cerca de 10 mil policiais e enfrenta críticas de moradores, denúncias de abuso policial e falta de recursos.
Levantamento feito pelo UOL com base nos dados do próprio Fogo Cruzado mostrou que, desde o começo do ano, ao menos uma pessoa perdeu a vida a cada dois dias em decorrência de conflitos armados nas favelas ocupadas pela polícia.
O próprio secretário de segurança, Roberto Sá, reconheceu recentemente que a UPP foi uma tentativa "ousada demais" e que é preciso reformulá-la.
Em nota, a Secretaria de Estado de Segurança informou que toma como base para políticas de segurança os dados divulgados mensalmente pelo Instituto de Segurança Pública. O Estado também defendeu a política de pacificação.
“A Secretaria de Estado de Segurança tem como prioridade a preservação da vida e a redução de índices de criminalidade no estado. Por isso, investe desde 2007 no processo de pacificação nas comunidades e implantação do Sistema de Metas e acompanhamento de Resultados, dentre diversas outras iniciativas”, afirma a pasta.
Crise na segurança
A crise no Rio levou o governo federal a autorizar o uso das Forças Armadas para fazer a segurança no Estado. Foi a 12ª vez em dez anos que o Estado recorreu formalmente à intervenção militar devido à violência.
O número de mortes violentas no primeiro semestre deste ano (3.457) cresceu 15% em relação ao mesmo período de 2016, o pior primeiro semestre desde 2009 (3.893).
Desde o dia 28 de julho cerca de 10 mil homens das Forças Armadas, Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional reforçam a segurança do Rio. Num primeiro momento, militares com tanques de guerra e pesado armamento se fizeram notar pela população com uma presença ostensiva nas ruas.
Segundo o Ministério da Defesa, os homens das Forças Armadas podem retornar às ruas a qualquer momento, mas o principal objetivo é que eles atuem junto às polícias em operações de combate ao crime organizado, cujo objetivo é reduzir a quantidade de armas e drogas do poder paralelo.
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