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Juiz manda soltar policiais que atuaram em massacre rural no Pará

Enterro dos trabalhadores rurais mortos na chacina de Pau D"Arco (PA) - Antonio Carlos/Repórter Brasil
Enterro dos trabalhadores rurais mortos na chacina de Pau D'Arco (PA) Imagem: Antonio Carlos/Repórter Brasil

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

08/08/2017 19h29

O juiz substituto de Redenção, Jun Kubota, negou nesta terça-feira (8) um pedido do MP (Ministério Público) do Pará de renovação da prisão temporária de 13 policiais civis e militares suspeitos de envolvimento no massacre de 10 trabalhadores rurais no município de Pau D'Arco, em maio. Os policiais estão presos desde o dia 10 de julho e podem ser libertados nesta quarta-feira (9), quando termina o prazo de prisão.

Segundo o promotor Leonardo Caldas, designado para acompanhar o caso e autor do pedido, a soltura dos policiais representaria um risco para as investigações que ainda estão em andamento. Ao todo, 11 policiais militares e dois civis podem ser soltos. O MP vai recorrer ao Tribunal de Justiça do Pará, em Belém.

"Nós fizemos um pedido de prorrogação (da prisão) de mais 30 dias, um prazo coerente, justificando que as investigações continuam em andamento. Explicamos que, quando foram determinadas as prisões, criou-se um cenário muito mais favorável às testemunhas", disse.

Os policiais investigados afirmam que foram recebidos a tiros ao chegar na fazenda, durante a ação maio. Eles alegam ter agido em legítima defesa.

Forças de segurança haviam sido mandadas à fazenda Santa Lúcia, que havia sido invadida por trabalhadores rurais sem teto, para cumprir mandados de prisão contra suspeitos do assassinato de um segurança da fazenda.

Ainda segundo o promotor, quando estavam em liberdade, os policiais suspeitos estariam intimidando outros policiais que participaram da ação (mas não teriam participado do crime) e testemunhas do caso. "As testemunhas, quando reinquiridas pela Polícia Federal, deram depoimentos diferentes e mais detalhados do que aqueles que deram em maio, no calor dos fatos. Ou seja, estavam se sentindo muito mais à vontade para falar", afirmou.

A reportagem não conseguiu entrar em contato com a defesa dos policiais para perguntar sobre as supostas intimidações alegadas pelo MP.

Versões conflitantes

Os policiais presos afirmam que foram recebidos a tiros quando chegaram à fazenda Santa Lúcia para cumprir mandados de prisão e busca, no município de Pau D'Arco no dia 24 de maio.

A versão, porém, foi contestada por testemunhas, que afirmaram que os policiais chegaram para matar os trabalhadores rurais e não afirmaram ter mandados.

Laudos já apresentados apontaram indícios de execução, como tiros à queima-roupa, nas costas e nas nucas das vítimas e falta de resquício de pólvora na mão dos trabalhadores mortos. Nenhum carro ou policial foi atingido por disparo de arma de fogo.

Porém, a Justiça e a polícia ainda não chegaram a uma conclusão final sobre quem fez os disparos que mataram os trabalhadores.

O caso está sendo investigado paralelamente pela Polícia Civil paraense e pela Polícia Federal. As duas apurações estão em andamento.