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Sem segurança de policiais, Samu se nega a atender advogado baleado em Natal

Secretaria afirma que será aberta uma sindicância interna para apurar irregulares - Diego Padgurschi/Folha Imagem
Secretaria afirma que será aberta uma sindicância interna para apurar irregulares Imagem: Diego Padgurschi/Folha Imagem

Wanderley Preite Sobrinho

Colaboração para o UOL

18/08/2017 17h38

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) se recusou a atender imediatamente o advogado Rodrigo Paiva, de 37 anos, baleado em uma tentativa de assalto no último sábado (12) em Natal, Rio Grande do Norte. A justificativa da atendente - gravada pela mulher que ligou para o serviço médico - é que não havia policiais no local do crime.

O disparo perfurou dois pulmões, o diafragma, o fígado e o estômago de Paiva. Internado, ele não corre risco de morrer.

Na gravação, a atendente pede tantas informações que foram necessários quase dois minutos para passar a localização do incidente. A funcionária do Samu, então, transfere a ligação para o médico, que perdeu a paciência ao telefone e chegou a usar palavras de baixo calão.

"Minha senhora, não tem como mandar logo não, a ambulância? É uma urgência", insiste, no áudio, a mulher que tenta conseguir o atendimento. Quando o médico finalmente atende, ele diz que só poderia enviar uma ambulância se a Polícia Militar já estivesse presente.

“Ave Maria! É que o homem tá baleado aqui", desespera-se a mulher. "É que a culpa primeiro não é da gente, né?", responde o médico, que perdeu a paciência ao questionar sobre o local do ferimento. Confusa, a mulher respondeu o nome da rua. Ele então retruca: ”Foi na bunda, na perna, na cabeça, na orelha, em que local?”

Questionada pelo UOL, a Secretaria Municipal de Saúde respondeu que “os profissionais seguiram o Procedimento Operacional Padrão da instituição, que estabelece o tempo de até 2 minutos para o atendimento do telefonista e de mais dois para o atendimento do médico. No caso do áudio, em cerca de um minuto o atendimento foi repassado para o médico”.

A Secretaria Municipal de Saúde admite, no entanto, que, embora os protocolos de atendimento sigam padrões nacionais, “talvez, diante do cenário de violência que se encontra a capital potiguar, este protocolo tenha ficado obsoleto”.

A pasta afirma que será aberta uma sindicância interna para apurar possíveis irregularidades em relação à postura dos profissionais e à linguagem utilizada durante a ocorrência. “Diante disso, na próxima semana, a Secretaria Municipal de Saúde se reunirá com a coordenação do Samu Natal para discutir mudanças nos protocolos de atendimentos.”