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Governo vai repassar R$ 30 mi para Rio comprar carros para a polícia

18.set.2017 - Forças de segurança do Rio fazem uma operação para reprimir o tráfico de drogas na favela da Rocinha - Divulgação/PMERJ
18.set.2017 - Forças de segurança do Rio fazem uma operação para reprimir o tráfico de drogas na favela da Rocinha Imagem: Divulgação/PMERJ

Carolina Farias

Colaboração para o UOL, no Rio

19/09/2017 22h26Atualizada em 20/09/2017 10h54

A Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública), ligada ao Ministério da Justiça, vai firmar um convênio para repassar R$ 30 milhões ao Rio de Janeiro para compra de veículos para as polícias do Estado. O anúncio da medida, que ainda está em fase de finalização, foi feito pelo general Carlos Alberto dos Santos Cruz, secretário Nacional de Segurança Pública, durante uma audiência na Comissão de Segurança e Combate ao Crime Organizado na Câmara dos Deputados, que discutiu nesta terça-feira (19) a crise do Rio.

As contrapartidas para o governo estadual cumprir ainda não foram definidas pelo órgão federal, de acordo com a secretaria. “A crise do Estado e sua incapacidade financeira é um acúmulo de problemas”, afirmou o general Santos Cruz.

Participaram da audiência o secretário de Segurança Pública do Rio, Roberto Sá, e o comandante da Polícia Militar do Rio, coronel Wolney Dias, além de deputados da bancada fluminense e membros de outras instituições do Estado.

As Forças Armadas, Força Nacional e reforço da Polícia Rodoviária Federal estão na região metropolitana do Rio desde o mês de julho. Atuaram em conjunto com as polícias do Estado em três operações, a última em 21 de agosto. De lá para cá, a população deixou de ver as Forças Armadas atuando ao lado da Polícia Miliar ou Civil.

Em sua explanação sobre as circunstâncias da segurança no Rio, o secretário de Segurança do Estado não falou sobre a presença das forças de segurança no Rio e negou que haja desentendimentos com o Ministério da Defesa.

“O governo federal dá apoio muito importante ao Estado. Não há nada mal-estar, algum arranhão. A relação é a melhor possível, não tem problema algum”, afirmou o secretário.

Entre os problemas que agravam a crise na segurança no Estado, de acordo com Sá, estão os indultos concedidos a presos –espécie de progressão de pena, que permite que o preso deixe o sistema penitenciário antes de cumprir toda a condenação.

Para o secretário, esses presos voltam a cometer crimes e, se aqueles que cumprem pena por crimes graves não tivessem direito a esse benefício, muitos crimes deixariam de ser cometidos. Esse é o caso, na visão dele, da atual disputa pelo domínio do tráfico na Rocinha –no domingo (17), a Rocinha registrou cinco horas de tiroteios (ao menos quatro pessoas morreram entre domingo e segunda).

O secretário criticou a legislação penal, sugerindo que juízes desfazem o trabalho realizado pelos policiais no Estado. “O Rogério 157 [Rogério Avelino da Silva] foi preso em São Conrado porque fez reféns em um hotel. Crime de cárcere privado. Foi preso em 2010 e solto em 2012. A polícia prende, mas não consegue fazer o restante. Não haveria esse conflito na Rocinha [se Rogério continuasse preso]”, afirmou o secretário. A referência feita por Sá é à ocasião em que o Rogério 157 invadiu o hotel Intercontinental durante uma fuga e foi preso ao lado de outros comparsas.

“O governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) foi convidado a participar. Essa audiência já foi cancelada duas vezes para conciliar a agenda dele e dos demais e ele não está presente”, queixou-se o deputado Marcelo Matos (PHS-RJ), membro da comissão que presidiu a audiência.

Outra ausência sentida na comissão foi a do ministro da Defesa, Raul Jungmann. Na segunda-feira (18), em uma entrevista à Globonews em Pernambuco, o ministro negou que haja falta de verba para manter as forças de segurança na região metropolitana do Rio e que elas estão aptas a atuar.

“Não houve recuo. As forças vão atuar fazendo cerco de comunidades, patrulhamento e, se necessário, varredura de presídios, se solicitado. Tem recurso e pessoal para isso”, afirmou o ministro à emissora.

Desde 2016, o governo do Estado do Rio atrasa o salário dos servidores. Na semana passada, apesar dos pagamentos, cerca de 113 mil ainda não receberam a remuneração.