Topo

Dezesseis crianças vítimas de incêndio em creche recebem alta hospitalar em Janaúba (MG)

Do UOL, em São Paulo*

07/10/2017 12h57Atualizada em 07/10/2017 20h31

Dezesseis crianças vítimas do ataque incendiário em uma creche de Janaúba (547 km de Belo Horizonte), no Norte de Minas, esta semana, tiveram alta neste sábado (7) da Fundação Hospitalar da cidade e do Hospital Universitário de Montes Claros.

De acordo com informações do Corpo de Bombeiros de Janaúba, 21 pessoas já tiveram alta, e outras 26, entre crianças e adultos, continuam internadas em hospitais de Minas, sendo 12 em Montes Claros e 14 em Belo Horizonte.

Mais cedo, 14 crianças deixaram o hospital de Janaúba acompanhadas pelas mães e foram levadas para as casas por uma van da prefeitura. Não há mais pessoas internadas no hospital de Janaúbas, segundo os bombeiros.

Em nota, a administração municipal informou que disponibilizou quatro unidades do Caps (Centro de Atenção Psicossocial) para que, em regime de plantão, e também pelos próximos dias, elas prestem "acolhimento, assistência médica, psicológica e social" às vítimas e aos familiares.

Outras duas crianças, de dois anos e um ano de idade, foram liberadas do HU de Montes Claros neste sábado.

Também hoje, no final da manhã, o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais confirmou a morte de mais uma criança --Talita Vitória Bispo, de quatro anos. Ela havia sido transferida às 5h da Santa Casa de Montes Claros, a 130 km de Janaúba, para o hospital João XXIII, em Belo Horizonte. Talita teve queimaduras nas vias aéreas, assim como um menino de cinco anos que também foi transferido da Santa Casa para a capital mineira na noite dessa sexta (6).

Com a menina, já são dez os mortos na tragédia --entre os quais, o autor do ataque, o segurança Damião Soares dos Santos, 50, e a professora Heley de Abreu Silva Batista, 43, que tentou contê-lo e salvar os alunos no momento do crime.

Segundo os Bombeiros, a vítima de hoje tinha queimaduras de vias aéreas e estava entubada. Especialistas ouvidos pelo UOL esta semana explicaram que a inalação de fumaça, gases tóxicos e partículas durante o incêndio pode tanto colocar em risco pessoas que nem tiveram contato direto com as chamas, como agravar o quadro de saúde de vítimas queimadas.

Enterro de uma das vítimas do incêndio na creche em Janaúba (MG), neste sábado (7) - Mário Bittencourt/UOL - Mário Bittencourt/UOL
Imagem: Mário Bittencourt/UOL

Mãe diz que filha se salvou graças a "pesadelo"

Também neste sábado (7), a vendedora de cebolas Magda dos Reis, 32, afirmou que, no dia da tragédia, deixou de levar a filha de dois anos, que também estuda na unidade educacional, porque a menina teve pesadelos. 

Magda foi uma das primeiras pessoas a prestar socorro às vítimas. "Consegui tirar seis crianças; tinha professoras no chão, em choque. Jogamos água em várias crianças. Hoje, só agradeço a Deus pela minha filha e rezo pelas outras famílias. Na minha cabeça, ficam ainda os gritos das crianças pedindo socorro, as imagens delas queimadas, uma cena de horror. Não quero saber de creche por um tempo, mas depois vou ter de ir em busca, pois preciso trabalhar."

Além da vendedora, quem se destacou no salvamento às vítimas foi a professora Heley Batista, 43, que também não resistiu aos ferimentos. Considerada heroína por retirar boa parte dos alunos da creche e ter lutado com o agressor, a professora foi velada nessa sexta (6) sob o olhar de uma multidão.

6.out.2017 -  Após o velório da professora Heley de Abreu Silva Batista, um cortejo fúnebre acompanhou o corpo da docente até o Cemitério Campo da Paz, onde foi sepultado, na cidade de Janaúba, no norte de Minas, nesta sexta-feira - ALEX DE JESUS/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO - ALEX DE JESUS/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO
Cortejo fúnebre acompanha o enterro do corpo da professora Heley de Abreu Silva Batista no cemitério Campo da Paz
Imagem: ALEX DE JESUS/O TEMPO/ESTADÃO CONTEÚDO

A polícia diz ainda não ter certeza se o vigia usou álcool ou outro produto para pôr fogo em si próprio e nas crianças, para as quais costumava dar picolés de presente em dias de festa, como os que estavam ocorrendo nesta semana.

O autor do ataque foi sepultado ontem em Janaúba sem a presença de familiares.

Familiares se emocionam em velórios de Janaúba

AFP

* Colaborou Mário Bittencourt, em Janaúba (MG)